Política

Choque político; partidos aliados de Lula agora pedem anistia para Bolsonaro

Reprodução/Internet
A federação União Progressista, composta por União Brasil e PP, anunciou sua saída do governo Lula, impactando a base governista  |   BNews Natal - Divulgação Reprodução/Internet
Giovana Gurgel

por Giovana Gurgel

[email protected]

Publicado em 02/09/2025, às 16h02



A federação União Progressista, formada pelos partidos União Brasil e PP, decidiu nesta terça-feira (2) desembarcar oficialmente do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A decisão implica a saída dos ministros André Fufuca (Esporte) e Celso Sabino (Turismo), ambos deputados federais licenciados, além de adesão a um projeto de anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Segundo lideranças das duas siglas, a anistia pretendida deve beneficiar todos os envolvidos nos atos golpistas do 8 de Janeiro, mas manteria a inelegibilidade de Bolsonaro. A expectativa é que o anúncio seja feito ainda hoje, no mesmo dia em que o Supremo Tribunal Federal inicia o julgamento do ex-chefe do Executivo.

De acordo com o acerto, Fufuca e Sabino terão até o fim do mês para deixar os cargos. A decisão foi articulada pelos presidentes nacionais do União Brasil, Antonio Rueda, e do PP, Ciro Nogueira, que se reuniram pela manhã com aliados para consolidar a posição.


Permanência de aliados e cargos estratégicos

Embora o desembarque seja oficial, a saída não deve atingir todos os indicados das legendas no governo federal. O União Brasil mantém influência sobre os ministérios do Desenvolvimento Regional, comandado por Waldez Góes, e das Comunicações, chefiado por Frederico de Siqueira Filho, ambos ligados ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), aliado próximo do Planalto.

No PP, a expectativa é de que Carlos Vieira siga à frente da Caixa Econômica Federal. O executivo foi indicado pelo ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e permanece respaldado pela cúpula do partido.

Além desses espaços, União Brasil e PP também controlam postos estratégicos em órgãos federais nos estados, entre eles a Codevasf, presidida por Lucas Felipe de Oliveira, indicado por Alcolumbre.


Mal-estar entre Lula e lideranças

O movimento ocorre uma semana após declarações de Lula durante reunião ministerial, quando o presidente cobrou fidelidade dos ministros ligados ao centrão e sugeriu que eles deixassem o governo caso não se sentissem à vontade para defender sua gestão.

Na ocasião, o petista afirmou não ter relação amistosa com Antonio Rueda e relembrou que Ciro Nogueira foi ministro da Casa Civil de Bolsonaro, acrescentando críticas à força eleitoral do senador. As falas geraram desconforto entre integrantes das duas legendas e foram consideradas o estopim para a decisão de saída.

ACM Neto, vice-presidente do União Brasil, deve oficializar a ruptura em reunião da executiva nacional prevista para esta quarta-feira (3).


Impacto no Congresso

O afastamento de União Brasil e PP aumenta a instabilidade da base governista em um momento em que o Planalto tenta aprovar medidas consideradas estratégicas para reverter a queda na popularidade do governo.

Com a saída, a base oficial de Lula na Câmara passaria a contar com cerca de 259 deputados, apenas dois acima da maioria simples de 257, ampliando as dificuldades nas negociações políticas.

Apesar de controlarem ministérios e a Caixa, os dois partidos têm intensificado sua articulação em torno do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que aparece como um dos nomes cotados para disputar a Presidência da República em 2026.

Classificação Indicativa: Livre

Facebook Twitter WhatsApp


Whatsapp floating

Receba as notificações pelo Whatsapp

Quero me cadastrar Close whatsapp floating