Política
Em prisão domiciliar desde 4 de agosto, sob vigilância integral, Jair Bolsonaro se emocionou ao receber a visita do vice-prefeito de São Paulo, coronel Ricardo Mello Araújo (PL).
Durante uma conversa que se estendeu por quatro horas, o ex-presidente relembrou sua trajetória do Exército à Presidência, afirmou estar com 70 anos e desabafou: “Minha vida já acabou”.
Mello Araújo contou que o objetivo da visita era animar Bolsonaro. “Na minha carreira, visitei policiais que foram presos por ocorrências e depois absolvidos. Eu sei o que uma pessoa nessa situação passa”, afirmou o coronel, que foi indicado pelo ex-presidente para compor a chapa do prefeito Ricardo Nunes (MDB).
O vice-prefeito relatou que, desde a chegada à casa de Bolsonaro, tentou levantar o ânimo do aliado.
“Cheguei, abracei, sentamos e ficamos das 14h às 18h conversando. Ele contava a vida dele e eu dizia que essa prisão domiciliar era só mais um obstáculo, como a facada ou o acidente em salto de paraquedas. Ele é ousado, não para”, disse.
Mello Araújo (segunda foto), indicado a compor chapa com Nunes (primeira foto)
Segundo Mello Araújo, o ex-presidente se emocionou ao afirmar que sua vida já havia acabado. O coronel disse que rebateu de imediato:
“Falei que não, que ele ainda está no jogo. Disse que sua história vai virar filme de Hollywood e terá um final feliz. Tenho convicção de que Deus vai intervir e algo novo vai mudar tudo”.
O militar também recomendou a prática de exercícios físicos para ajudar na recuperação da saúde de Bolsonaro, mas ouviu resistência. “Montei um treino para ele se exercitar em casa, na esteira. Ele respondeu que não dava, mas que faria depois”, contou.
Apesar de estar prestes a ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal, acusado de tentativa de golpe de Estado, Bolsonaro, segundo o vice-prefeito, não tem se preocupado com as eleições de 2026.
Mello Araújo classificou como injusta a movimentação de aliados em busca do espaço eleitoral deixado por Bolsonaro.
“Ele não está com cabeça em eleição. É sacanagem quererem o espólio político dele agora. Estão enterrando ele vivo, querem jogar 40 anos nas costas dele”, declarou.
O coronel também demonstrou indignação com o que considera tratamento desigual da Justiça.
“Fico revoltado de ver tanto bandido solto - traficante, homicida, ladrão - enquanto Bolsonaro está preso”, afirmou.
Para o vice-prefeito, o momento deve ser encarado como um período de reflexão para que o ex-presidente recupere a saúde e reorganize sua estratégia política.
“Ele está enxergando todas as peças. É hora de se preparar para tomar as decisões certas”, concluiu.
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