Política
A maior parte das emendas pagas pelo governo federal em 2025 não é deste ano, mas de rubricas atrasadas que estavam paradas desde gestões anteriores.
Segundo levantamento feito pelo portal Metrópoles com dados do Siga Brasil, de um total de R$ 16,3 bilhões liberados pelo Executivo, apenas R$ 6,8 bilhões (42,3%) correspondem a verbas do Orçamento de 2025. A fatia mais expressiva, R$ 9,4 bilhões (57,7%), refere-se a emendas acumuladas até 2024.
O cenário expõe a dificuldade da gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em atender às pressões de deputados e senadores, que cobram execução das verbas prometidas. Entre as queixas, líderes do Congresso afirmam que constantemente precisam recorrer a ministérios para destravar os recursos, sem garantias de que as emendas previstas para este ano sejam pagas.
Para parlamentares, a demora no pagamento ameaça suas bases eleitorais em ano pré-eleitoral, já que obras, equipamentos e ações em prefeituras ficam paralisados. A crítica é ainda mais forte no Centrão, bloco que considera as emendas um instrumento essencial na disputa pela reeleição.
Congresso reclama e aponta risco político
Entre os R$ 16,3 bilhões desembolsados até agora, chamam a atenção os R$ 7,8 bilhões (47,89%) referentes a 2023 e 2024, os dois primeiros anos do terceiro mandato de Lula. A avaliação entre líderes partidários é de que o Congresso perdeu capacidade de executar plenamente sua verba, o que gera frustração generalizada.
Essa insatisfação teria sido decisiva na derrota do governo durante a instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS. O Centrão se juntou à oposição e permitiu que o senador Carlos Viana (Podemos-MG) assumisse a presidência do colegiado, em movimento que surpreendeu o Planalto.
Oposição e aliados de Bolsonaro consideraram a eleição de Viana e do deputado Alfredo Gaspar (União-AL), que ficou com a relatoria, uma demonstração de força política em meio ao desgaste provocado pela prisão domiciliar do ex-presidente.
Planalto segura liberação após derrota
Após a reviravolta no Congresso, o Palácio do Planalto adotou postura ainda mais restritiva em relação às emendas parlamentares. O governo reduziu o ritmo de pagamento dos recursos no mesmo período em que a CPMI foi instaurada, no dia 20 de agosto.
Segundo parlamentares, o Executivo segurou a liberação no dia da abertura da comissão e também na quinta-feira (22), logo após a votação que garantiu a presidência e a relatoria ao grupo oposicionista. A medida foi interpretada como resposta política do governo diante da perda de espaço na articulação parlamentar.
Enquanto isso, líderes do Congresso reforçam a pressão para que Lula cumpra os compromissos orçamentários e libere recursos ainda neste ano, sob o risco de aprofundar a crise de confiança com sua base.
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