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O número de crimes praticados por golpistas que se passam por advogados vem crescendo em todo o país. Usando dados reais de processos e até registros verdadeiros da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), criminosos enganam vítimas com falsas promessas de ganhos financeiros, cobranças indevidas e até extorsões.
De acordo com o advogado Jeoás Santos, que já teve seus dados usados de forma criminosa, a prática está cada vez mais sofisticada. “Já tive meu nome, número de inscrição e informações de processos utilizados em golpes diferentes.
Os criminosos criam perfis falsos em redes sociais, WhatsApp e e-mail, e abordam clientes prometendo resultados rápidos em ações que ainda estão em andamento. Chegam a inventar decisões judiciais e exigem o pagamento de supostas taxas para liberar valores”, relata.
Advogado Jeoás Santos
As estratégias mais comuns incluem a falsificação de documentos com uso indevido de nomes e registros na OAB, contatos por redes sociais e aplicativos de mensagem e a criação de prazos falsos, induzindo a vítima a realizar pagamentos urgentes. Muitas vezes, o cliente só percebe que caiu em um golpe quando já sofreu prejuízos financeiros.
“Encontramos casos em que vítimas pagaram taxas via Pix ou boletos acreditando que iriam receber valores de processos. É um golpe cada vez mais recorrente e perigoso porque mina a confiança entre advogados e clientes”, alerta Santos.
A orientação é que advogados e clientes estabeleçam formas oficiais de comunicação, conferindo sempre os canais divulgados pelos escritórios.
Nenhum pagamento deve ser feito sem contrato formal, e é essencial confirmar a identidade do profissional por mais de um canal. Conferir destinatários de transferências e evitar o compartilhamento de documentos sem validação prévia também são passos fundamentais.
Para os profissionais da advocacia, a recomendação é manter a situação regularizada junto à OAB, monitorar constantemente a própria marca pessoal em buscas na internet e redes sociais e divulgar com clareza os contatos oficiais e as formas de pagamento aceitas.
“Se houver suspeita, o advogado deve registrar Boletim de Ocorrência, notificar a OAB local e alertar seus clientes nos canais de comunicação”, reforça Santos.
O uso indevido da identidade de advogados configura crime de estelionato ou falsidade ideológica, com penas que podem chegar a oito anos de prisão, além de indenizações por danos morais e materiais.
“Além dos prejuízos financeiros, esses golpes mancham a imagem da advocacia e abalam a confiança da população. Por isso, advogados precisam agir de forma proativa e os clientes devem checar sempre a identidade de quem os representa”, destaca o especialista.
O caso já é acompanhado pela Polícia Federal e pelo Conselho Federal da OAB, que articulam ações conjuntas para conter os golpes. Segundo Santos, a informação rápida tem sido um instrumento importante para evitar novas vítimas.
“Por atuar em vários estados, já me deparei com tentativas de golpe contra clientes em diferentes regiões. Mas a divulgação imediata de alertas em redes sociais e o contato direto com clientes, inclusive via lista de transmissão, têm funcionado como uma barreira eficiente”, conclui.
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