O golpe do falso advogado tem ganhado força no país, explorando informações reais de processos para convencer vítimas a realizar transferências via Pix.
A prática, que já afetou clientes em diversos estados, se baseia na engenharia social e no acesso a bancos de dados públicos, como sistemas eletrônicos de acompanhamento processual, PJe, ESAJ e PROJUDI, e até em plataformas ilegais na internet e na deep web.
Segundo Emerson Duarte, especialista em Segurança da Internet e professor da Estácio, criminosos também se aproveitam de vazamentos de dados de empresas para obter CPF, endereço e nome completo das vítimas. “Eles usam contatos inesperados, se passando por profissionais do Direito, para criar urgência e pressionar pagamentos”, explica.
Além disso, o acesso a redes sociais facilita a coleta de informações pessoais, aumentando a eficácia da fraude. Por isso, evitar exposição excessiva e manter atenção redobrada a interações online é fundamental para reduzir riscos.
Como identificar e evitar o golpe
A principal medida preventiva é confirmar a identidade do advogado antes de qualquer transação. A Ordem dos Advogados do Brasil disponibiliza a plataforma confirmadv.oab.org.br, onde é possível verificar se o profissional está regularmente inscrito. Basta inserir número de registro, estado e e-mail informado.
Desconfiar de mensagens ou ligações inesperadas, principalmente quando há urgência para pagamento, é essencial.
Duarte orienta a sempre procurar informações diretamente com o advogado ou escritório, presencialmente, antes de efetuar transferências. “Pagamentos devem ser feitos apenas em contas vinculadas ao profissional ou ao escritório, com documentos que justifiquem a operação”, reforça.
Evitar clicar em links suspeitos, abrir documentos de desconhecidos e fornecer dados pessoais também são práticas indispensáveis.
O que fazer se for alvo
Ao receber ligação ou mensagem suspeita, não forneça informações pessoais ou bancárias. Registre provas; prints, áudios, números e documentos, e faça boletim de ocorrência, de preferência presencialmente ou nos sites das delegacias especializadas em crimes cibernéticos.
Bloquear o número, denunciar o contato em aplicativos como WhatsApp e Telegram e comunicar familiares são passos recomendados. Idosos, que representam 16% das vítimas de estelionato clássico segundo o Instituto DataSenado, devem ser orientados a identificar tentativas de golpe e buscar apoio familiar.
Além da polícia, denúncias contra falsos advogados podem ser feitas diretamente à OAB Nacional, pelo site fiscalizacao.oab.org.br.