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A produção agrícola do Rio Grande do Norte ganhou novidades em 2024. Pela primeira vez, a pesquisa da Produção Agrícola Municipal (PAM), divulgada ontem (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), registrou a presença de soja e açaí no território potiguar, além da expansão das lavouras de uva e café.
Apesar dos números ainda modestos, o levantamento mostra que essas culturas começam a se consolidar no estado, tradicionalmente líder em melão e cana-de-açúcar.
O destaque fica para a soja, o grão mais produzido do Brasil, que pela primeira vez apareceu em solo potiguar, com 240 toneladas colhidas no Vale do Açu em 100 hectares de área plantada.
Embora o volume seja o segundo menor do país, gerou R$ 600 mil aos produtores locais e abre caminho para novas investidas. Já o açaí, com 20 toneladas registradas, movimentou R$ 200 mil e entrou oficialmente na lista da PAM.
A produção de uva também avançou, com 125 toneladas colhidas em 2024 e valor de R$ 900 mil, enquanto o café arábica dobrou a colheita, passando de três para sete toneladas no Agreste Potiguar, alcançando R$ 105 mil.
De acordo com Leonardo Medeiros Júnior, chefe de pesquisas agropecuárias do IBGE, os dados só são contabilizados quando a lavoura ocupa ao menos um hectare e gera uma tonelada de produção, o que significa que outros pequenos produtores ainda podem estar fora das estatísticas.
Mesmo com retração de quase 20% em relação a 2023, o Rio Grande do Norte manteve a liderança nacional na produção de melão. Foram 505 mil toneladas colhidas, representando 61,9% de toda a produção brasileira. O valor de produção chegou a R$ 858 milhões, alta de 4% frente ao ano anterior, graças à valorização dos preços.
Mossoró permaneceu como o maior polo do fruto, com 42% da colheita estadual, seguido por Baraúna e Tibau. Ao lado de Apodi e Upanema, os cinco municípios concentram a maior parte da produção que mantém o estado na dianteira do mercado nacional.
A cana-de-açúcar se manteve como a lavoura com maior quantidade produzida no Rio Grande do Norte, somando 3,85 milhões de toneladas em 2024, alta de 0,8% frente ao ano anterior. Contudo, o valor de produção caiu 13,7%, fechando em R$ 633 milhões.
Enquanto a produtividade nacional foi afetada pelo clima seco e por queimadas no Centro-Sul, o cenário potiguar mostrou resiliência, com destaque para o Litoral Sul, que concentra 92% da área cultivada. Canguaretama liderou a produção estadual, seguida por Baía Formosa, Arês, Goianinha e Taipu.
O RN perdeu o posto de segundo maior produtor nacional de castanha-de-caju para o Piauí, que ampliou a área e produziu mais de 25 mil toneladas. Já o estado potiguar recuou 35%, com 20,5 mil toneladas, caindo para a terceira posição no ranking nacional. A redução de área em Serra do Mel, principal município produtor, foi determinante.
Outro produto que perdeu espaço foi a melancia. Pernambuco ultrapassou o RN, que caiu para a sexta posição nacional, com 142 mil toneladas colhidas em 2024, uma retração de 3,7% em comparação ao ano anterior.
A estiagem severa provocada pelo fenômeno El Niño impactou diretamente o milho. No Rio Grande do Norte, 34% da área plantada não chegou a ser colhida, resultando em uma queda de 22,6 mil toneladas na produção, 3 mil a menos que em 2023. O valor de produção caiu 18,3%, fechando em R$ 31,8 milhões.
No Brasil, a produção do grão também encolheu, com retração de quase 13% na safra, reforçando os efeitos negativos do clima sobre a agricultura nacional.
Entre os municípios potiguares, Mossoró segue como líder absoluto em valor de produção agrícola, somando R$ 357 milhões em 2024. Além do melão, o município também é destaque na melancia, com 70 mil toneladas colhidas que renderam R$ 63,8 milhões.
Na segunda colocação está Tibau, com R$ 327 milhões, seguido por Touros, no Leste Potiguar, que alcançou R$ 323 milhões em valor de produção.
Classificação Indicativa: Livre