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A bioenergia já representa quase 30% da matriz energética brasileira e deve ganhar cada vez mais espaço nos próximos anos. Estudo da Mobility Foresights aponta que o mercado pode alcançar entre US$ 8 bilhões e US$ 12 bilhões até o fim da década, com taxa de crescimento anual entre 9% e 13%.
Esse avanço, no entanto, depende diretamente da adoção de tecnologias que garantam produtividade e segurança em ambientes de alto risco.
Segundo a International Energy Agency (IEA), a bioenergia moderna responde por 6% da oferta de energia global e representa mais da metade de toda a energia renovável consumida no mundo. No Brasil, fontes como a biomassa de cana já somam 16,8% da matriz energética, de acordo com o Observatório de Bioeconomia da Fundação Getúlio Vargas.
O potencial é grande, mas os números de acidentes em áreas afins, como o setor sucroalcooleiro, acendem o alerta. Entre 2012 e 2020 foram registrados 130 mil casos de acidentes de trabalho nesses ambientes, representando 2,7% do total nacional, com predominância em atividades agrícolas e industriais.
Túlio Cerviño, CEO da Tracky
Na Feira de Bioenergia 2025, realizada em Sertãozinho (SP) entre 12 e 15 de agosto, o debate sobre produtividade e segurança dominou os corredores. O evento, considerado o maior do setor no país, reuniu empresas e especialistas para discutir caminhos da transição energética e apresentou inovações que podem mudar a rotina de trabalhadores.
Uma das soluções que chamaram atenção foi a da empresa baiana Trackfy. A tecnologia permite monitorar em tempo real a localização e a exposição de trabalhadores a riscos em ambientes como silos, caldeiras e áreas de colheita mecanizada.
Sensores instalados em crachás, capacetes e EPIs coletam dados e enviam as informações para sistemas inteligentes capazes de detectar sinais de fadiga, tempo em zonas de risco e interações com máquinas.
“Garantir segurança em um ambiente tão complexo e estratégico é de extrema importância. Estamos falando de operações industriais de alto risco, onde qualquer falha pode significar não apenas prejuízos operacionais, mas perigo direto à vida dos trabalhadores”, destacou o CEO da Trackfy, Túlio Cerviño.
De acordo com a Trackfy, empresas que já utilizam a tecnologia reduziram até 40% os incidentes de segurança em áreas monitoradas e obtiveram ganhos de produtividade de 20% em média.
O uso dos sensores também possibilitou diminuir custos com seguro em 1,5%, reduzir em 50% o tempo médio de evacuações de emergência e encurtar em 25% os cronogramas de projetos.
Em alguns casos, a aplicação da solução chegou a proporcionar crescimento de 67% na produtividade média das operações industriais, com retorno sobre o investimento até 50 vezes superior ao valor aplicado. Para Cerviño, esses números comprovam que tecnologia e segurança caminham lado a lado no futuro da bioenergia.
“A transição energética é inevitável e estratégica para o Brasil. Mas, para que o setor cresça de forma sólida, é essencial adotar tecnologias que aumentem a eficiência no campo e garantam proteção aos trabalhadores. Não é um luxo, é uma necessidade para acompanhar a expansão do setor bioenergético”, completou o executivo.
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