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Golpe em família: “Dinastia da Fraude” engana o CNU e fatura cargos públicos com golpes milionários

A Polícia Federal investiga uma quadrilha familiar que garantiu aprovações fraudulentas em cargos federais de prestígio no CNU 2024  |  Reprodução/Imagem Ilustrativa gerada por IA

Publicado em 06/10/2025, às 12h48   Reprodução/Imagem Ilustrativa gerada por IA   Giovana Gurgel

A Polícia Federal revelou que a quadrilha que fraudou o Concurso Nacional Unificado (CNU) é, na verdade, uma organização familiar. O grupo, formado por irmãos, sobrinhos e filhos, montou uma estrutura criminosa que garantiu aprovações indevidas em cargos federais de alto prestígio.

Os nomes que aparecem no centro do escândalo são o ex-policial militar Wanderlan Limeira de Sousa, de 44 anos, e seus parentes Valmir Limeira de Souza, 53, Wanderson Gabriel de Brito Limeira, 24, e Larissa de Oliveira Neves, 25. Todos foram aprovados para o cargo de auditor fiscal do trabalho no CNU 2024, de forma fraudulenta.

As investigações indicam que Wanderlan liderava o esquema e distribuía funções entre os familiares. Cada membro tinha uma tarefa específica, como recrutar candidatos, repassar gabaritos e cuidar das transações financeiras.

Arte/Metrópoles


Laços de sangue e confiança

A PF descobriu que a base de confiança entre os integrantes era sustentada pelos laços familiares, o que dificultava o rompimento da rede criminosa. Um segundo irmão do ex-policial, Antônio Limeira das Neves, 54, também participava da operação, ampliando o alcance do esquema.

As fraudes eram tão bem articuladas que os investigadores apontam um histórico de aprovações suspeitas em diferentes concursos, sempre envolvendo pessoas da mesma família. O grupo teria lucrado com a venda de vagas e o uso de informações sigilosas de provas.

O caso chamou a atenção da PF pelo grau de organização e pela ousadia com que o clã agia, utilizando aplicativos de mensagens para negociar pagamentos e detalhar estratégias de aprovação.


Conversas reveladoras

As mensagens interceptadas pela investigação mostram o envolvimento direto dos familiares nas fraudes. Em uma delas, Wanderlan cobra de Valmir uma dívida de R$ 400 mil, relacionada à prova do CNU em que Larissa, filha de Antônio, foi aprovada.

Em outro diálogo, de março deste ano, Valmir pede ajuda ao irmão sobre os trâmites da matrícula de Larissa no curso de formação. Wanderlan responde com naturalidade, indicando o site oficial do concurso. A troca de mensagens mostra como os irmãos mesclavam conversas sobre dívidas e informações sigilosas do certame.

As interceptações revelam também que Valmir não possuía qualquer domínio sobre o conteúdo do concurso. Nenhum diálogo sobre estudo, matérias ou rotina de preparação foi encontrado em seu aparelho.


Erros e contradições

A investigação encontrou diversos erros de português nas mensagens de Valmir, inconsistentes com o nível exigido para o cargo de auditor fiscal do trabalho. A Polícia Federal concluiu que o irmão aprovado não tinha condições técnicas de ter passado honestamente pelo processo seletivo.

Essas incoerências reforçaram a suspeita de que o grupo manipulou o resultado das provas. Segundo os investigadores, o padrão de comunicação e as evidências financeiras deixam claro que o desempenho no CNU foi obtido por meios ilícitos.

O caso segue em apuração pela PF, que busca identificar outros possíveis beneficiários do esquema e calcular o real prejuízo causado aos cofres públicos.

Veja as conversas:

Classificação Indicativa: Livre


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