Política

Explosão no Senado: ex-assessor acusa Moraes de fraude em relatório para justificar ação da Polícia Federal

Imagem: Saulo Cruz/Agência Senado
Eduardo Tagliaferro afirma que data de relatório foi alterada para legitimar ação da Polícia Federal contra empresários bolsonaristas  |   BNews Natal - Divulgação Imagem: Saulo Cruz/Agência Senado
Giovana Gurgel

por Giovana Gurgel

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Publicado em 02/09/2025, às 17h00



O perito Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do ministro do STF Alexandre de Moraes e ex-chefe da Assessoria de Enfrentamento à Desinformação (AEED) do TSE, afirmou nesta terça-feira (2) que um relatório usado para embasar buscas da Polícia Federal contra empresários bolsonaristas teve a data adulterada.

Segundo ele, a fraude foi realizada para esconder que a operação se baseou unicamente em uma reportagem jornalística.

Acusações documentadas

Em audiência pública da Comissão de Segurança Pública do Senado, dominada por parlamentares de oposição, Tagliaferro exibiu arquivos e documentos que, segundo disse, comprovam a manipulação.

Ele relatou que o juiz-instrutor de Moraes, Airton Vieira, pediu a produção de um parecer sobre mensagens em grupos de WhatsApp após a deflagração da operação. O perito apresentou registros que indicam que o documento foi feito em 28 de agosto, mas, nos autos, aparece como datado de 22 de agosto, um dia antes da ação da PF.

Tagliaferro sustentou que a ordem partiu do próprio Moraes e tinha como objetivo “construir uma história” para legitimar a medida judicial.

"Foi pedido para confeccionar parecer com data retroativa", declarou.

Ele também afirmou que preservou as provas utilizando técnicas de cadeia de custódia.

Repercussão imediata

A denúncia inflamou os senadores da oposição, que prometeram incluir as acusações nos pedidos de impeachment contra Alexandre de Moraes.

O grupo também afirmou que vai oficiar os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (UB-AP), e do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso. Além disso, pediram a paralisação imediata do julgamento de Jair Bolsonaro no STF.

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente e responsável por conduzir a audiência, acusou Moraes de agir de forma criminosa. "Hoje está comprovado o modus operandi do marginal Alexandre de Moraes para requentar provas", afirmou.

Contexto da denúncia

As buscas contra empresários ocorreram em 23 de agosto de 2024, após reportagem do portal Metrópoles revelar mensagens em que defendiam um golpe de Estado. Na época, veículos de imprensa questionaram o fato de a ação ter como base apenas uma matéria jornalística.

Tagliaferro disse que, dias depois, recebeu a ordem de produzir o relatório que, no processo, aparece com data anterior à operação.

Apesar da gravidade das acusações, o perito ressaltou que essa teria sido a única vez em que participou da produção de informação fraudada. O STF e o ministro Alexandre de Moraes foram procurados, mas ainda não se manifestaram.

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