Política

STF rachado: maioria se recusa a assinar carta por Moraes e frustra gesto de unidade com Lula

Ministro Alexandre de Moraes tenta articular apoio no STF, mas enfrenta resistência de colegas após sanções dos EUA  |  © Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

Publicado em 01/08/2025, às 13h34   © Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil   Giovana Gurgel

O ministro Alexandre de Moraes enfrentou resistência dentro do próprio Supremo Tribunal Federal ao tentar articular uma carta coletiva em sua defesa, após as sanções impostas pelos Estados Unidos com base na Lei Magnitsky. A proposta, apresentada na quarta-feira (30), não encontrou respaldo entre os colegas.

Segundo informações do Poder360, mais da metade dos 11 ministros considerou inadequado que o STF como instituição assinasse um documento contra uma decisão interna do governo norte-americano. O gesto, interpretado como falta de apoio explícito, teria decepcionado Moraes, que esperava unanimidade em um momento delicado.

Como alternativa, a Corte divulgou uma nota institucional assinada apenas pelo presidente, Roberto Barroso. O texto, de tom moderado, sequer menciona os Estados Unidos ou as sanções aplicadas, frustrando ainda mais a tentativa de reação articulada.

Jantar no Alvorada expõe divisão no STF
Diante da recusa à carta, o governo tentou emplacar outro gesto: um jantar no Palácio da Alvorada, promovido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na quinta-feira (31). O objetivo era reunir os 11 ministros do STF em um ato simbólico de unidade nacional, em linha com a campanha do Planalto pela “defesa da soberania do Brasil”.

Mais uma vez, a tentativa esbarrou em divisões internas. Apenas seis magistrados compareceram ao encontro: Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin, Edson Fachin, Flávio Dino, Gilmar Mendes e o próprio Barroso. Os demais, André Mendonça, Cármen Lúcia, Dias Toffoli, Luiz Fux e Nunes Marques, não participaram.

A ausência da maioria impediu a tão planejada foto com Lula e os 11 ministros de mãos dadas, símbolo da unidade entre os Poderes. Pelo contrário, o evento acabou evidenciando o isolamento de Moraes dentro do próprio Supremo e um racha entre os integrantes da Corte.

Fachin compareceu por obrigação institucional
Entre os que estiveram no jantar, nem todos foram por convicção. O ministro Edson Fachin, que assumirá a presidência do STF em menos de dois meses, teria comparecido apenas por obrigação institucional.

Segundo relatos, sua motivação principal foi não tensionar ainda mais o ambiente com Moraes, que será seu vice no comando da Corte.

Nos bastidores, cresce a avaliação de que Alexandre de Moraes tem adotado uma postura que pressiona os demais ministros a acompanhá-lo em embates que consideram excessivamente politizados.

Uma das decisões mais criticadas internamente foi a que determinou tornozeleira eletrônica ao ex-presidente Jair Bolsonaro e sugeriu, ainda que indiretamente, que os Estados Unidos agem como “inimigos estrangeiros”.

Essa linguagem foi considerada inadequada por parte significativa dos ministros, que veem com preocupação o rumo que as decisões da relatoria de Moraes estão tomando. Para eles, o STF corre o risco de se ver envolvido em disputas diplomáticas e políticas que extrapolam suas funções institucionais.

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