Política
Publicado em 04/05/2025, às 17h10 A oposição questiona a nomeação de Queiroz, alegando omissão em denúncias de fraudes enquanto era secretário executivo - Reprodução/Câmara dos Deputados Aryela Souza
O atual ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, recebeu representantes da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag) em 11 de julho de 2023 — um mês após participar de uma reunião do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) na qual foram feitos alertas sobre irregularidades em descontos aplicados a aposentadorias do INSS. A pauta do encontro com a Contag não foi divulgada.
Na reunião do CNPS, realizada em 12 de junho, uma conselheira solicitou que as denúncias sobre descontos indevidos fossem incluídas na agenda. De acordo com a ata, o então ministro Carlos Lupi reconheceu a importância do tema, mas alegou que seria necessário levantar dados antes de discutir o assunto em profundidade. A reunião posterior, no entanto, não foi convocada. Wolney Queiroz, então secretário executivo da pasta, também participou do encontro e integrava o conselho.
A Contag é uma das 11 entidades atualmente investigadas por suspeita de envolvimento em fraudes nos descontos de benefícios do INSS. Procurada, a confederação declarou, em nota, que atua com ética e observa a legalidade nos projetos e convênios que gerencia.
Em 2024, a Contag manteve interlocução constante com o governo federal. A entidade participou de agendas com pelo menos seis ministros, além de uma reunião no Palácio do Planalto, em abril, quando entregou reivindicações diretamente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A nomeação de Queiroz para o comando da Previdência ocorreu após a saída de Carlos Lupi. Embora as investigações não apontem envolvimento direto do ex-ministro nas fraudes, sua permanência tornou-se insustentável diante da interpretação de omissão frente às denúncias.
A chegada de Queiroz ao ministério tem sido questionada por membros da oposição. A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) ingressou com uma ação popular na Justiça Federal pedindo a anulação do ato de nomeação. Já o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) solicitou à Procuradoria-Geral da República o afastamento cautelar do novo ministro e a abertura de investigação. Ambos os pedidos argumentam que Queiroz foi omisso, enquanto número dois da pasta, ao não agir diante das denúncias apresentadas no CNPS.
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