Política
Publicado em 03/05/2025, às 09h31 Aryela Souza
A oposição já volta suas atenções para o novo ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, e promete cobrá-lo por sua atuação à frente da pasta.
Parlamentares oposicionistas questionam por que Wolney não tomou providências mesmo após ter sido informado sobre denúncias de descontos indevidos em benefícios de aposentados e pensionistas. Na época, ele ocupava o cargo de secretário-executivo da Previdência.
Wolney foi nomeado ministro nesta sexta-feira (2), logo após a saída de Carlos Lupi, que pediu demissão. Sua indicação foi articulada pelo PDT como condição para que o partido, que tem 17 deputados e três senadores, permanecesse na base aliada do governo. A bancada chegou a ameaçar romper com o Planalto caso não emplacasse o novo titular da pasta.
A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) afirmou ter solicitado as atas do Conselho Nacional de Previdência, nas quais Lupi foi alertado sobre as irregularidades nos descontos. Segundo ela, Wolney também participou da reunião e foi igualmente comunicado.
O novo ministro, assim como Carlos Lupi, também foi avisado durante a reunião. Se ele sabia e foi omisso, também não pode permanecer no cargo”, declarou a senadora.
Na Câmara, o líder da oposição, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), disse que a bancada avalia protocolar um pedido de convocação de Wolney para prestar esclarecimentos.
Ele era o braço direito do Lupi. Trocaram seis por meia dúzia”, afirmou o parlamentar.
CPMI à vista
Ainda nesta sexta, a oposição anunciou ter coletado o número mínimo de assinaturas para protocolar a criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) com o objetivo de investigar as fraudes no INSS, que podem ter causado prejuízo de até R$ 6,3 bilhões por meio de descontos irregulares.
O líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), declarou que a troca de ministros não é suficiente para conter os avanços da comissão.
O governo tenta se blindar, mas não acredito que conseguirá impedir a instalação da CPMI”, disse Marinho, que foi secretário especial da Previdência no governo Bolsonaro.
O Palácio do Planalto avaliou que a permanência de Lupi à frente da pasta fragilizava o discurso do governo de que tem atuado com firmeza no combate às fraudes no INSS.
A estratégia do Executivo tem sido destacar que a atual gestão desmontou um esquema de descontos ilegais iniciado em 2019, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). No entanto, o Planalto tem enfrentado dificuldade para explicar por que Carlos Lupi demorou cerca de dez meses para adotar medidas mais rígidas, mesmo após ter sido alertado em junho de 2023.
Durante esse período, os descontos indevidos em benefícios continuaram a crescer, ampliando o desgaste político em torno do caso.
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