O secretário do Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, afirmou em entrevista à CNBC Internacional que o país estuda zerar tarifas de importação sobre itens que não são produzidos internamente.
Entre os produtos citados estão manga, café, cacau e outros recursos naturais. Apesar de não mencionar diretamente o Brasil, principal fornecedor de café para os EUA, a sinalização pode beneficiar diretamente a economia brasileira.
De janeiro a maio de 2024, os americanos compraram 17% de todo o café exportado pelo Brasil. Segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), mais de 8 milhões de sacas foram embarcadas para os EUA neste ano, com 3,3 milhões enviadas somente até junho.
O café segue como o produto brasileiro mais consumido nos Estados Unidos, respondendo por 33% da demanda local.
Em relação ao cacau, a Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC) aponta que os EUA representaram, em média, 18% do valor total exportado pelo Brasil entre 2020 e 2024. Neste ano, foram 8,1 mil toneladas exportadas, totalizando US$ 72,7 milhões.
Negociações avançam em Estocolmo
A fala de Lutnick foi feita durante negociações comerciais entre EUA e China, realizadas em Estocolmo. O foco do encontro tem sido a revisão das tarifas elevadas impostas por ambos os países, que chegaram a 125%. O negociador chinês Li Chenggang confirmou que haverá uma extensão da trégua tarifária, embora detalhes ainda não tenham sido revelados.
Ainda durante a entrevista, o secretário americano mencionou que, paralelamente às conversas com a China, os Estados Unidos também estão dialogando com a União Europeia. Lutnick declarou que muitas pautas seguem indefinidas e que ainda há “muita negociação pela frente”.
Ele citou temas como serviços digitais, impostos e medidas contra empresas de tecnologia, além de questões sobre aço e alumínio, que não foram incluídas no acordo parcial selado com o bloco europeu.
Acordo bilionário com a União Europeia levanta suspeitas
No último fim de semana, o ex-presidente Donald Trump e Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, fecharam um acordo parcial que impõe tarifas de 15% à maioria das exportações do bloco e prevê a compra de US$ 750 bilhões em produtos energéticos dos EUA. Também está previsto um investimento de US$ 600 bilhões em solo americano.
Embora o pacto tenha amenizado o risco de uma guerra comercial, o clima ainda é de cautela. Investidores e lideranças da UE levantaram dúvidas sobre os impactos de longo prazo do acordo, tanto para a estabilidade econômica quanto para as relações entre os dois lados do Atlântico.