Política
Publicado em 27/05/2025, às 15h36 Redação
Relatórios com alertas sobre os atos extremistas do 8 de Janeiro foram enviados pela ABIN (Agência Brasileira de Inteligência) aos órgãos de inteligência federal entre os dias 2 e 7 de janeiro de 2023. A informação foi revelada por Saulo Moura da Cunha, ex-diretor-adjunto da agência, em depoimento nesta terça-feira (27) ao STF (Supremo Tribunal Federal), no âmbito da ação que apura tentativa de golpe de Estado.
De acordo com Cunha, as informações se tornaram mais contundentes na véspera dos ataques. No fim do dia 7 de janeiro, a chegada de ônibus com manifestantes — dados repassados pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) — coincidiu com o aumento de postagens nas redes sociais convocando para invasão e depredação de prédios públicos.
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“Eu diria que no dia 7 já tínhamos pelo menos informações de que a manifestação seria de médio para grande porte”, afirmou. Ainda segundo Cunha, no dia seguinte, a partir de uma assembleia no quartel-general do Exército em Brasília, ficou decidido que os manifestantes caminhariam para a Esplanada por volta das 13h. Ele também relatou que havia indícios de que o grupo tinha acesso a armas e promovia discursos violentos.
Durante a oitiva, Cunha destacou que todas as informações foram formalmente encaminhadas ao governo federal por meio de relatórios. No entanto, disse que a ABIN não recebeu comunicações oficiais de outros órgãos sobre a existência e o tamanho dos acampamentos extremistas.
Ele afirmou ainda que, durante o período de transição de governo, a agência enviou alertas sobre movimentações não só em Brasília, mas também em locais como o Rio de Janeiro.
O depoimento integra a série de oitivas conduzidas pela 1ª Turma do STF, iniciadas em 19 de maio, com foco nas testemunhas arroladas pelo núcleo apontado pela PGR (Procuradoria-Geral da República) como central na articulação da tentativa de golpe.
Nesta terça-feira (27), foram ouvidos os seguintes nomes indicados pelo ex-ministro da Justiça Anderson Torres:
As audiências continuam ao longo da semana, com previsão de encerramento até 2 de junho. Também prestarão depoimento testemunhas convocadas por Jair Bolsonaro, pelo ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira e pelo general Walter Braga Netto.
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