Política
Publicado em 18/05/2025, às 15h48 Aryela Souza
Aos 95 anos, o ex-presidente José Sarney (MDB) segue influente nos bastidores da política brasileira e concedeu uma entrevista à jornalista Isabella Alonso Pango, da revista VEJA, na qual compartilhou reflexões sobre democracia, reforma política e o cenário atual do país.
Sarney destacou sua atuação durante a transição da ditadura para a democracia (1985–1990) e afirmou que, mesmo com tensões na época, os militares hoje respeitam o regime democrático. Sobre os atos de 8 de janeiro de 2023, ele negou que tenham sido uma tentativa de golpe, criticou a politização da Justiça e apontou a necessidade de punições justas, sem superlotar o sistema penitenciário.
Jamais qualquer golpe de Estado ocorrerá neste país, porque já tivemos algumas experiências que foram danosas à nossa tranquilidade democrática. Isso não ocorrerá mais. Os próprios militares chegaram à conclusão de que o melhor regime é o do povo para o povo, e não qualquer aventura autoritária."
O ex-presidente defende uma ampla reforma política, com o fim do voto proporcional e a adoção do sistema distrital misto e do parlamentarismo moderado, inspirado em modelos europeus. Ele também criticou o excesso de partidos no país e o uso indevido das emendas parlamentares, que, segundo ele, priorizam reeleições em vez de políticas públicas.
Sarney disse que o MDB deve apoiar Lula em 2026, elogiando seus governos e o compromisso com a democracia. Sobre o ex-presidente Michel Temer articular uma candidatura de centro-direita, disse que a legenda avaliará internamente, mas reforçou sua preferência por manter a aliança com o atual presidente.
Na política internacional, Sarney defendeu a independência diplomática do Brasil, mantendo boas relações com potências como China, Rússia e Estados Unidos, sem submissão. Ele também afirmou que o crescimento de movimentos de extrema-direita, como o representado por Donald Trump, é uma fase passageira.
É uma fase que vai passar, porque o mundo vive em condições cíclicas. A tendência da direita extremamente radicalizada é morrer e nós buscarmos uma área de equilíbrio. Por isso a necessidade de diálogo, de convencimento, das fórmulas de paz e, sobretudo, do entendimento entre as nações. Jamais a violência."
Por fim, o ex-senador pelo Amapá defendeu a exploração de petróleo na foz do Amazonas, desde que feita com responsabilidade ambiental, criticando o que chamou de “radicalismo” em torno do tema.
Há técnicas por meio das quais se pode evitar qualquer problema. Deve-se exigir que se faça o que deve ser feito para que nenhum dano ocorra. Mas não podemos abdicar de explorar petróleo em uma área daquela, até porque nossas reservas têm prazo para acabar.
Classificação Indicativa: Livre