Política
por Giovana Gurgel
Publicado em 01/08/2025, às 13h25
Na reabertura dos trabalhos do Supremo Tribunal Federal nesta sexta-feira, 1º de agosto, o ministro Gilmar Mendes fez duras críticas ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-RJ), acusando-o de fugir do país para atacar a Corte. Em discurso contundente, o decano do STF classificou a atitude como “covarde” e um “ato de lesa-pátria”.
“Não é segredo para ninguém que os ataques à nossa soberania foram estimulados por radicais, inconformados pela sua derrota política nas últimas eleições presidenciais. Entre eles, um deputado que, na linha de frente do entreguismo, fugiu do país para covardemente difundir aleivosias contra o Supremo Tribunal Federal”, declarou Gilmar.
A fala ocorre em meio à escalada de tensões entre parlamentares bolsonaristas e o Judiciário, especialmente após a intensificação das investigações sobre a tentativa de golpe de Estado de 8 de Janeiro e a atuação de Alexandre de Moraes nesses processos.
Gilmar vê ataque coordenado contra o povo e a democracia
O ministro afirmou que os ataques à Corte não são apenas ofensivas pessoais, mas uma sabotagem contra o povo brasileiro. “Os fatos recentes se revelam ainda mais graves, porque decorreram de uma ação orquestrada de sabotagem contra o povo brasileiro por parte de pessoas avessas à democracia”, disse.
Segundo ele, os responsáveis por essas ações estão armados de “radicalismo, desinformação e servilismo”, elementos que, de acordo com Gilmar, têm marcado a conduta de parte da extrema direita nos últimos anos. Para o ministro, a atuação desses grupos representa uma ameaça direta à estabilidade institucional do país.
Gilmar também classificou como “inusual e agressiva” a atual escalada de ataques contra o STF. “Nos últimos dias temos acompanhado com perplexidade uma escalada de ataques contra membros do Supremo Tribunal Federal e assim contra toda a Corte e contra todo o povo brasileiro”, afirmou.
Suprema Corte reage com firmeza às ofensivas externas
A crítica a Eduardo Bolsonaro ocorre em um momento em que o Supremo também se manifesta sobre sanções dos Estados Unidos a produtos brasileiros e reforça a defesa da soberania nacional. O discurso de Gilmar deixa claro que a Corte não pretende recuar diante das ameaças e dos discursos que tentam deslegitimar o Judiciário.
A menção direta ao deputado federal evidencia o desconforto da Suprema Corte com a postura de parlamentares que, mesmo no exterior, seguem atacando as instituições brasileiras. Gilmar Mendes, com a experiência de mais de duas décadas no STF, reforçou que a democracia exige vigilância e responsabilidade, inclusive de seus representantes eleitos.
Ao classificar a conduta de Eduardo Bolsonaro como “ato de lesa-pátria”, o decano reforçou o peso simbólico e institucional do embate que se desenha entre o Supremo e os setores mais radicais da oposição.
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