Política
por Aryela Souza
Publicado em 03/08/2025, às 12h29
Após o anúncio oficial do Tarifaço de Trump, o Brasil busca novos parceiros comerciais. Um dos países cotados para ampliação de exportação é a Índia, outra aliada histórica dos Estados Unidos, também afetada pela medida do governo norte-americano. Ambos os países se tornaram alvos de sobretaxas, que, juntas, somam 75%.
A aliança em potencial precede o início do tarifaço no Brasil, no dia 7 de agosto, e tem sido pauta no governo federal desde julho deste ano, durante a visita do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, à Brasília. Na ocasião, os países assinaram acordos nas áreas de segurança, energia e transformação digital.
A Índia, apesar de ser o país mais populoso do mundo passando por uma industrialização mais recente, carece em exploração por exportadores do mercado nacional. Além disso, os produtos já comercializados para Nova Délhi são pouco diversificados. Óleos vegetais, açúcares e petróleo bruto representam mais de 60% do total importado pelo país.
A ofensiva brasileira
Para ampliar as relações comerciais com os indianos, o Brasil procura trabalhar em três frentes. A primeira trata-se de ampliar a exportação de petróleo para os indianos, levando em consideração a dependência energética de combustíveis russos levantada pelos Estados Unidos no Tarifaço. Segundo estimativas do governo de 2024, somente 1% do petróleo importado pela índia é brasileiro.
Contudo, o dado não é desanimador, já que este continua sendo o segundo item mais exportado do Brasil para os indianos. No caso de um recuo na importação do petróleo da Rússia, o Brasil surge, junto de outros países do Oriente Médio, para suprir essa carência.
Outro fator segue a estratégia adotada pelo Ministério da Agricultura desde o início do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva: a abertura e diversificação de mercados. Avaliou-se que é possível aumentar as exportações de produtos como óleos vegetais, algodão, feijões e pulses, etanol, genética bovina e frutas. Além desses, ainda podem ser cotados carne de aves, pescado, café e suco de laranja.
O maior obstáculo do Brasil no momento são as altas tarifas aplicadas pela Índia que não incluem quase nenhum produto do agronegócio no acordo de comércio preferencial que mantém com o Mercosul. Surge então a oportunidade de ampliar o alcance do tratado vigente.
Atualmente, o acordo comercial cobre apenas 14% das exportações brasileiras para a Índia, abrangendo 450 categorias de produtos (entre cerca de 10 mil), que prevê reduções tarifárias modestas, entre 10% e 20%.
O objetivo do governo brasileiro é negociar o estabelecimento de um novo tratado, que inclua especialmente produtos do agronegócio, para então buscar a retira dessas barreiras comerciais.
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