As pequenas propriedades rurais têm papel decisivo no abastecimento alimentar do Brasil e podem ser altamente rentáveis quando bem geridas. Para a médica-veterinária e consultora Ana Rita Scozzafave, o tamanho da terra não é o que define o sucesso, mas sim a capacidade de planejar, adotar práticas sustentáveis e aproveitar ferramentas digitais que fortalecem a gestão e aumentam a eficiência no campo.
No Brasil, cerca de 77% dos estabelecimentos agrícolas são familiares, responsáveis por grande parte da produção de alimentos consumidos internamente, como arroz, feijão, frutas e hortaliças.
Gestão é mais importante que o tamanho da terra
Scozzafave destaca que o desafio central da agricultura familiar não está na extensão da propriedade, mas na falta de planejamento. Para ela, eficiência operacional é o que garante resultados positivos.
“Rentabilidade e sustentabilidade não dependem de centenas de hectares, mas de uma gestão moderna e estratégica”, afirma.
Planejar a safra com antecedência mínima de seis meses, controlar custos, organizar a compra de insumos e contratar mão de obra no tempo certo são medidas fundamentais. Estudos da FAO citados pela especialista apontam que propriedades com planejamento estruturado alcançam até 25% mais eficiência sem a necessidade de grandes investimentos.
Ana Rita Scozzafave
Tecnologia e aprendizado contínuo no campo
Outro ponto ressaltado é o papel das ferramentas digitais. O avanço da conectividade no meio rural permite que pequenos produtores utilizem aplicativos gratuitos com previsões meteorológicas, cotações de mercado e análises em tempo real.
Além disso, cursos e conteúdos técnicos oferecidos por instituições públicas e cooperativas fortalecem a profissionalização no campo.
Para Scozzafave, a sustentabilidade também deve ser vista como ativo de mercado. Práticas como o uso de bioinsumos, integração lavoura-pecuária-floresta e rastreabilidade agregam valor e inserem o produtor nas agendas globais de ESG e créditos de carbono.
Cinco passos para a gestão eficiente
A especialista lista cinco pilares que podem transformar pequenas áreas em negócios competitivos:
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Planejamento antecipado – definir metas e organizar insumos com antecedência.
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Uso de ferramentas digitais – aproveitar aplicativos e plataformas online.
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Monitoramento de mercado – acompanhar tendências e oscilações de preços.
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Capacitação contínua – investir em cursos, treinamentos e programas de extensão.
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Práticas sustentáveis – adotar bioinsumos, mapear o solo e integrar sistemas de produção.
“Mesmo em áreas menores, o agricultor familiar pode ser eficiente, saudável, sustentável e rentável. O segredo está em gestão, aprendizado e visão estratégica”, conclui Ana Rita Scozzafave.