Política
Publicado em 15/08/2025, às 13h52 Foto: Antonio Augusto/STF Giovana Gurgel
O ministro Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), marcou para 2 de setembro o início do julgamento da ação penal 2668, que tem como réus o ex-presidente Jair Bolsonaro e sete aliados, acusados de tentativa de golpe de Estado. O julgamento começará às 9h, com oito sessões reservadas, seis delas extraordinárias, realizadas em horários fora da rotina da Turma.
Além da sessão inaugural, o cronograma divulgado pela secretaria da Primeira Turma prevê novas sessões nos dias 3, 9, 10 e 12 de setembro, com atividades tanto pela manhã quanto à tarde. O relator, ministro Alexandre de Moraes, participará do julgamento junto aos demais integrantes da Primeira Turma: Cristiano Zanin, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Flávio Dino.
Como de costume, todas as sessões presenciais e de mérito serão transmitidas pela TV e Rádio Justiça, além do canal do STF no YouTube, garantindo acesso público às discussões.
A ação penal 2668 é a mais avançada relacionada à trama golpista denunciada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e tem como alvo o chamado núcleo “crucial”, formado pelas principais lideranças do suposto complô.
Segundo o procurador-geral, Paulo Gonet, o plano de Bolsonaro teria começado em meados de 2021, com ataques ao sistema eletrônico de votação para desacreditar o processo eleitoral e criar clima favorável a uma ruptura democrática.
A tentativa de golpe culminou em 8 de janeiro de 2023, quando apoiadores do ex-presidente invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes em Brasília. Entre as provas apresentadas estão minutas de decreto golpista, além de rascunhos de planos como “Luneta”, “Copa 2022” e “Punhal Verde Amarelo”.
Os documentos previam inclusive sequestro e assassinato de autoridades, incluindo o ministro Alexandre de Moraes, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e o vice eleito Geraldo Alckmin.
Todos os oito réus respondem por cinco crimes: organização criminosa armada, golpe de Estado, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Somadas, as penas podem ultrapassar 30 anos de prisão.
O julgamento foi marcado pouco depois que todas as defesas entregaram suas alegações finais, com prazo encerrado na última quarta-feira (13). A defesa de Bolsonaro classificou a acusação como “absurda” e um “golpe imaginado”, enquanto os demais réus reconheceram a existência da trama, mas buscaram desvincular seus clientes de participação direta.
Todos os advogados pediram a absolvição total de seus clientes, focando em contestar a responsabilização individual, mesmo diante da comprovação do complô, segundo a narrativa da PGR.