Política
Publicado em 29/07/2025, às 13h26 Fabio Rodrigues/Agência Brasil BNews Natal
Desde que Hugo Motta (Republicanos-PB) assumiu a presidência da Câmara, o apoio ao governo Lula sofreu uma pequena redução, contrariando previsões de que o Executivo teria maior facilidade nas votações após a saída de Arthur Lira (PP-AL). Dados do primeiro semestre de 2025 indicam que 66,9% dos deputados votaram conforme a orientação governista, ante 68,1% em 2023 e 69,2% em 2024, sob a gestão de Lira.
Deputados da base aliada atribuem a variação principalmente às escolhas e ao discurso do próprio governo, e não à atuação do presidente da Câmara. Eles apontam que o clima político piorou, mas que não há grandes obstáculos para o Executivo em relação a Motta, cuja interlocução com a ministra Gleisi Hoffmann (PT) permanece constante.
Divergências políticas e atrasos no orçamento influenciam apoio
O ponto crítico foi a tentativa do governo de aumentar o IOF para elevar arrecadação, rejeitada em peso pelo Congresso em junho, embora tenha recebido respaldo do Judiciário. A postura do governo, com viés mais à esquerda, conflita com uma base conservadora no Legislativo, o que gerou desgaste.
Além disso, atrasos no pagamento de emendas parlamentares, cuja distribuição foi questionada no Supremo Tribunal Federal, também colaboraram para a redução do apoio governista. A aprovação tardia do Orçamento, em março, impactou os repasses.
Outro fator relevante é a coalizão ampla que elegeu Motta, que abarca partidos do PT ao PL, o que o obriga a gestos de conciliação com a oposição. Para opositores, Motta é menos alinhado ao governo do que Lira, que tinha perfil mais duro e negociava fortemente com grupos contrários a Lula.
Motta valoriza diversidade e diálogo no comando da Câmara
O presidente da Câmara, por sua vez, destacou que a diversidade política enriquece o debate na Casa. Ele reafirmou que a Câmara é contra aumento de impostos, justificando os votos contrários à alta do IOF, e negou que o pagamento de emendas seja usado como moeda de troca nas deliberações.
Para Motta, a aprovação dos projetos depende do consenso entre os parlamentares, não só de sua presidência, que, segundo ele, tem sido marcada por maior democracia e previsibilidade em relação à gestão anterior.