Política
Reprodução/InstagramPublicado em 25/07/2025, às 13h21 BNews Natal
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, o do Senado, Davi Alcolumbre, e o ministro Luís Roberto Barroso, do STF, utilizaram aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) para comparecer ao Festival de Parintins, no Amazonas, no último fim de semana.
O uso da aeronave pública, que também transportou o ministro do Turismo, Celso Sabino, e o corregedor do CNJ, Mauro Campbell, não consta nas agendas oficiais e levanta questionamentos sobre a real justificativa da viagem.
Viagem sem registro oficial, mas com festa e promessas
De acordo com os registros da FAB, a aeronave partiu de Brasília na sexta-feira (27) com nove passageiros e retornou no domingo (29) com vinte pessoas a bordo. Durante a visita, Sabino, Motta e Alcolumbre foram recebidos pelo senador Eduardo Braga (MDB-AM) e pelo prefeito de Parintins, Mateus Assayag (PSD).
Em tom descontraído, Braga disse em entrevista que o trio garantiu R$ 17 milhões para o recapeamento da pista do aeroporto local. “Esse foi o grande prêmio do festival”, afirmou o senador, entre risos, ao lado dos parlamentares.
O decreto de 2020 que regulamenta o uso de aeronaves da FAB permite os voos para presidentes de Poderes, ministros e comandantes militares, sob justificativas de segurança, emergência médica ou viagens a serviço. Ainda assim, muitos voos ocorrem sem relação clara com a função pública ou sem divulgação nos compromissos oficiais.
Barroso cita reunião, Motta se cala e Alcolumbre fala em segurança
Questionado, o presidente do STF alegou ter se reunido em Parintins com o presidente do Tribunal de Justiça do Amazonas e que compareceu ao festival a convite do governador Wilson Lima.
Já Alcolumbre defendeu a legalidade do uso da FAB, justificando questões de segurança e reforçando o “orgulho” em divulgar a cultura amazônica. Hugo Motta não comentou a viagem, mas aparece em vídeo publicado por Sabino afirmando estar em Parintins pela primeira vez, também a convite do ministro do Turismo.
Festa junina com escalas e silêncio sobre itinerários
O uso da FAB por Hugo Motta não se restringe a Parintins. Em junho, ele também viajou em aeronave da Aeronáutica para cumprir agenda em festas juninas em Petrolina, Salvador e Campina Grande.
Em todos os trechos, esteve acompanhado de outros políticos, incluindo Alcolumbre. Motta não explicou o motivo das paradas nem respondeu sobre os deslocamentos.
A FAB não divulga os nomes dos passageiros, apenas o número de pessoas, os trajetos e horários. Apesar disso, os registros revelam o uso recorrente dos voos por autoridades para compromissos que extrapolam o serviço público, situação que tem se tornado prática frequente e pouco transparente.
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