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Bolsonaro oferece "anistia pela economia" em resposta a ameaça de seu aliado Trump

A proposta de anistia enfrenta resistência na cúpula do Congresso, que vê a crise econômica como uma questão de soberania  |  Bolsonaro afirma que a anistia é essencial para restaurar a paz econômica e a harmonia entre os Poderes no Brasil. - Reprodução

Publicado em 13/07/2025, às 17h48   Bolsonaro afirma que a anistia é essencial para restaurar a paz econômica e a harmonia entre os Poderes no Brasil. - Reprodução   Aryela Souza

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) defendeu, neste domingo (13), que a aprovação de uma anistia para os envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023 é o caminho para barrar o aumento de tarifas imposto pelos Estados Unidos a produtos brasileiros.

Em suas redes sociais, Bolsonaro afirmou que a decisão de seu aliado, o presidente americano Donald Trump, "tem muito mais, ou quase tu0do a ver com valores e liberdade, do que com economia".

Ele disse não se "alegrar" com as sanções e apontou a solução.

O tempo urge [...]. Em havendo harmonia e independência entre os Poderes nasce o perdão entre irmãos e, com a anistia também a paz para a economia", escreveu.

A Articulação Bolsonarista pela Anistia

A proposta de usar a anistia como moeda de troca na crise com os EUA tem sido defendida por aliados do ex-presidente.

Na última semana, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) já havia sugerido que, se o Congresso pautasse o projeto, Donald Trump poderia rever o tarifaço.

O texto da anistia, que beneficiaria "em cheio" Jair Bolsonaro — réu no STF por crimes como tentativa de golpe de Estado —, é uma prioridade de seu grupo político.

Desde abril, o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, protocolou um requerimento de urgência para levar o projeto ao plenário, mas o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), ainda não pautou a matéria.

Resistência da Cúpula do Congresso

Apesar da pressão bolsonarista, a ideia de usar a anistia para negociar com os EUA enfrenta forte resistência na cúpula do Congresso.

Aliados de Hugo Motta relataram que já comunicaram a ele o entendimento de que "não cabe" pautar o "PL da Anistia" como uma forma de evitar as tarifas.

Para esses líderes, a imposição das taxas por Trump é um tema que afeta a soberania do Brasil. Diante disso, a ideia de colocar a anistia em votação como moeda de troca "morreu".

Esse posicionamento foi reforçado por uma nota conjunta divulgada por Hugo Motta e pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). No texto, eles delimitaram que as negociações com os EUA cabem ao campo diplomático e econômico, excluindo "agentes político-partidários" e eventuais negociações paralelas, como a hipótese da anistia.

Enquanto isso, o governo Lula defendeu a soberania nacional, afirmando que o país não aceitará ser "tutelado" e que pretende reagir caso as taxas sejam aplicadas a partir de 1º de agosto.

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