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Sertão high-tech: fazenda pernambucana revoluciona produção de mangas e coloca Brasil no topo mundial

Em 2024, Brasil exportou mais de um milhão de toneladas de frutas, destacando a manga como a terceira mais vendida no mercado externo  |  Reprodução/Freepik

Publicado em 18/08/2025, às 13h42   Reprodução/Freepik   Giovana Gurgel

Segundo a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), em 2024 o país embarcou mais de um milhão de toneladas de frutas, gerando receita superior a US$ 1,2 bilhão.

Só no primeiro semestre de 2025, foram 88 mil toneladas de manga exportadas, consolidando a fruta como a terceira mais vendida do Brasil no mercado externo.

Nesse cenário, a Agropecuária Roriz Dantas, conhecida como Agrodan, se destaca como o maior produtor e exportador nacional. Sediada em Belém de São Francisco, a 470 km de Recife, a empresa conta com sete fazendas e mais de 1.300 hectares cultivados. Em 2024, foram 30 mil toneladas enviadas a países europeus, destino de 97% da produção.

Tecnologia no campo e no pós-colheita

Para atender clientes exigentes, a Agrodan investe em inovação, tecnologia e capacitação. Além de um manejo avançado desde o plantio até a colheita, a empresa opera dois Packing Houses considerados os mais modernos do mundo, onde robôs fazem a seleção e classificação automática das frutas.

Esses equipamentos são capazes de processar 40 toneladas de manga por hora, analisando cor, peso e defeitos por meio de até 1,6 milhão de fotos a cada 60 minutos. Depois de aprovadas, as frutas são embaladas e seguem para o resfriamento antes do embarque em contêineres refrigerados rumo à Europa.

A tecnologia também é aplicada na gestão. Com o sistema ERP da Senior Sistemas, a Agrodan controla a rastreabilidade, custos e eficiência de cada etapa, desde o campo até o transporte. O monitoramento em tempo real permite identificar falhas, reduzir perdas e tomar decisões mais assertivas.

História de superação no sertão

O caminho até o reconhecimento internacional começou em 1987, quando os irmãos Paulo e Jairo Dantas, filhos de agricultores e formados em engenharia elétrica, decidiram apostar na agricultura irrigada em plena hiperinflação.

Com apoio financeiro e emocional dos pais, que colocaram bens como garantia de empréstimo no Banco do Brasil, a família iniciou o plantio em 41 hectares com uvas, bananas e mangas.

A manga foi a que melhor se adaptou às condições do sertão, tornando-se o foco principal da produção. Em 1992, a Agrodan realizou suas primeiras exportações e, desde então, consolidou-se como referência internacional. Hoje, a empresa cultiva sete variedades e gera 1.400 empregos diretos.

“Nosso diferencial é unir dedicação no campo a um alto grau tecnológico. Isso garante qualidade e padronização que conquistaram clientes exigentes na Europa”, explica Paulo Dantas, diretor-presidente.

Impacto social e futuro da região

Além de tecnologia, a Agrodan aposta na transformação social. Em 2016, diante das dificuldades educacionais do entorno, Dantas fundou a Escola Professora Olindina Roriz Dantas, dentro da própria fazenda. O projeto começou com 224 alunos e hoje atende 440 estudantes, do maternal ao ensino médio, além de adultos.

A instituição oferece transporte, alimentação e aulas de inglês, informática, robótica e música. Agora, o produtor planeja ampliar a estrutura com cursos técnicos em ciência de dados e fruticultura, em parceria com o SENAR, para formar mão de obra qualificada.

“Nosso objetivo é desenvolver a região e formar o futuro, capacitando jovens para as tecnologias que já estão no campo e que vão transformar ainda mais o agro”, conclui Dantas.

Classificação Indicativa: Livre


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