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O avanço da energia solar no Brasil já não depende apenas da queda no preço dos equipamentos ou do aumento da consciência ambiental. Modelos de aquisição mais flexíveis, como financiamentos de longo prazo, consórcios e arrendamento, estão democratizando o acesso à geração própria de energia e atraindo consumidores que antes viam o investimento como inviável.
Segundo a Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC), a modalidade de consórcio para sistemas fotovoltaicos cresceu 43% em 2024, na comparação com o ano anterior.
Pequenos empreendedores, famílias e produtores rurais agora encontram alternativas que cabem no orçamento e oferecem retorno financeiro desde os primeiros meses de uso.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) aponta que, em junho, o país ultrapassou a marca de 6,5 milhões de consumidores beneficiados com créditos da micro e minigeração distribuída (MMGD), dos quais 4 milhões são residenciais. Ao todo, são 3,71 milhões de sistemas conectados à rede, somando potência instalada próxima de 41,48 GW.
Entre os modelos mais comuns estão os financiamentos bancários, com prazos de até 84 meses e parcelas muitas vezes inferiores à conta de luz; os consórcios solares, sem juros e ideais para quem pode esperar pela instalação; e o crédito direto oferecido por fintechs e empresas integradoras, que simplificam a aprovação para públicos desbancarizados.
O leasing ou arrendamento também vem ganhando espaço. Nessa modalidade, o cliente paga uma mensalidade pelo uso do sistema e, ao final do contrato, pode optar pela compra ou renovação, com manutenção inclusa.
Já na geração compartilhada, cooperativas e condomínios solares permitem que diferentes consumidores utilizem a energia de uma mesma usina, sem necessidade de instalação própria.
Para Rodrigo Bourscheidt, CEO da Energy+, rede especializada em energias renováveis, essa diversidade de formatos impulsiona a adoção da fonte solar. “A integração entre empresas integradoras, instituições financeiras e programas de crédito específicos tem papel decisivo nessa expansão”, afirma.
A Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) estima que a geração distribuída cresça acima de 25% ao ano até o fim da década, especialmente em estados que oferecem incentivos fiscais e tarifários. A expectativa é que novas modalidades e ajustes regulatórios acelerem a adesão em áreas urbanas e rurais.
“A diversificação de mecanismos de aquisição permite atender diferentes perfis, do pequeno agricultor que quer reduzir a conta de luz ao empresário que busca previsibilidade de custos e uma imagem mais sustentável no mercado”, reforça Bourscheidt.
Com a combinação de equipamentos mais baratos, regras favoráveis e soluções financeiras criativas, a energia solar deve seguir um caminho de expansão contínua, transformando-se de investimento de nicho em opção acessível para milhões de brasileiros.
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