Política
por Gabi Fernandes
Publicado em 14/09/2025, às 17h29
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva respondeu neste domingo (14) às críticas do ex-presidente americano Donald Trump, que classificou como uma "caça às bruxas" a condenação de Jair Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe de Estado.
Em artigo publicado no jornal The New York Times, Lula afirmou que o julgamento do ex-presidente seguiu os trâmites legais e respeitou a Constituição de 1988. “O processo não foi uma caça às bruxas”, escreveu o presidente brasileiro no texto intitulado: “A democracia e a soberania do Brasil não são negociáveis”.
Lula declarou ainda estar “orgulhoso do Supremo Tribunal Federal” pela decisão, considerada por ele “histórica”. No artigo, o presidente afirmou que investigações revelaram planos para assassinar a ele próprio, ao vice-presidente e a um ministro do STF, como parte da tentativa de impedir sua posse após vencer as eleições de 2022.
A condenação de Bolsonaro gerou repercussões internacionais e tensões diplomáticas com os Estados Unidos. Em retaliação, Trump impôs tarifas alfandegárias de 50% sobre diversos produtos brasileiros, uma das mais altas do mundo. Além disso, ministros do STF foram alvos de sanções de Washington, sob a justificativa de abusos no julgamento.
Apesar do endurecimento das relações, Lula sinalizou disposição para diálogo.
“Presidente Trump, continuamos abertos a negociar qualquer coisa que possa trazer benefícios mútuos. Mas a democracia e a soberania do Brasil não estão sobre a mesa”, declarou no artigo.
Contrapartida
Trump, por sua vez, comparou o julgamento de Bolsonaro às acusações que ele mesmo enfrenta nos EUA por sua ligação com a invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021. “Isso realmente se parece com o que tentaram fazer comigo”, disse.
Segundo o STF, Bolsonaro foi condenado por liderar uma organização golpista que pretendia anular o resultado das eleições e impedir a posse de Lula. A execução do plano só foi frustrada por falta de adesão das Forças Armadas.
A defesa do ex-presidente já anunciou que recorrerá da decisão do Supremo, inclusive junto a instâncias internacionais.
Condenação Bolsonaro e outros
Jair Bolsonaro, ex-presidente da República, foi condenado a 27 anos e três meses de prisão.
Walter Braga Netto, ex-ministro de Bolsonaro e candidato a vice-presidente em 2022, recebeu 26 anos.
Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, e Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de segurança do Distrito Federal, foram condenados a 24 anos cada.
Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, recebeu 21 anos.
Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa, foi sentenciado a 19 anos.
Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, teve pena de 2 anos em regime aberto, com garantia de liberdade devido à delação premiada.
Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), recebeu 16 anos, um mês e 15 dias de prisão.
Ele foi condenado apenas pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.
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