Política
Publicado em 13/07/2025, às 09h03 Aryela Souza
O "tarifaço" a produtos brasileiros anunciado pelo governo dos Estados Unidos provocou uma divisão na Câmara dos Deputados. De um lado, congressistas governistas se mobilizam para aprovar uma moção de repúdio à decisão americana. Do outro, a oposição busca convocar ministros para cobrar explicações e culpar a diplomacia do governo Lula pela crise.
Governo quer Repúdio aos EUA
O líder do PT, deputado Lindbergh Farias (RJ), e o deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS) estão entre os que apresentaram requerimentos de moção de repúdio ao governo dos EUA.
Segundo Lindbergh, a iniciativa é uma resposta necessária a uma moção de louvor ao presidente Donald Trump, que foi aprovada na Comissão de Relações Exteriores antes do anúncio das novas tarifas.
A posição oficial que se tem da Casa até o momento, qual é? A moção de louvor a Trump. Vai ter que ser votado alguma coisa no plenário. Eu não tenho dúvidas disso. A gente vai forçar", afirmou o líder do PT.
No entanto, líderes avaliam que um requerimento de repúdio dificilmente será pautado pelo presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), que tem adotado um tom mais ameno sobre o caso.
Oposição Culpa Itamaraty e Pede Esclarecimentos
Em outra frente, a oposição busca reverter a narrativa e culpar o governo brasileiro pelo aumento das tarifas. O líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), afirmou que o voto de louvor anterior foi em solidariedade a Bolsonaro, e não um apoio às políticas de Trump.
Deputados da oposição culpam o que chamam de "diplomacia ideológica" e falhas de articulação do governo Lula.
O deputado Evair de Melo (PP-ES), aliado de Jair Bolsonaro, apresentou três pedidos de convocação para ouvir os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Mauro Vieira (Relações Exteriores) sobre os impactos do tarifaço e a suposta "omissão e irresponsabilidade diplomática" do governo.
Corrida Contra o Tempo
Além do repúdio, Lindbergh Farias também conseguiu as assinaturas necessárias para a realização de uma comissão geral — um debate amplo no plenário da Câmara sobre o tema, com a presença de membros do Itamaraty e de setores empresariais.
Ele aposta no diálogo com Hugo Motta para marcar o debate já na próxima semana.
O tempo, porém, é curto. O Congresso entra em recesso parlamentar na sexta-feira (18) e a agenda da semana já está apertada, com outras duas comissões gerais previstas para a manhã de quarta-feira (16).
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