Política

[ÁUDIO] Policial investigado cita plano para prender ministros, ‘matar meio mundo’, e se queixa que Bolsonaro ‘deu para trás’

Áudios encontrados no celular de Wladimir Soares revelam um plano para impedir a posse de Lula e atacar ministros do STF. - Divulgação
Em gravações, Wladimir expressa frustração com Bolsonaro por não ter autorizado a ação contra ministros do STF  |   BNews Natal - Divulgação Áudios encontrados no celular de Wladimir Soares revelam um plano para impedir a posse de Lula e atacar ministros do STF. - Divulgação

Publicado em 15/05/2025, às 10h04   Dani Oliveira



A Polícia Federal encontrou áudios no celular do agente Wladimir Soares, investigado por participar de uma tentativa de golpe de Estado, em que ele fala sobre planos para prender ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e usar força letal contra quem tentasse impedir. Segundo ele, o grupo armado só não agiu porque o então presidente Jair Bolsonaro não autorizou.

Wladimir foi preso preventivamente e teve seus aparelhos eletrônicos apreendidos. A Procuradoria-Geral da República (PGR) já apresentou denúncia contra ele. Inicialmente, ele era investigado por ter repassado informações sobre a segurança de Lula a aliados de Bolsonaro. Agora, as novas provas indicam que ele fazia parte de um grupo organizado que planejava impedir a posse do presidente eleito em 2022.

Em um dos áudios, Wladimir afirma que ele e sua equipe estavam prontos para prender o ministro Alexandre de Moraes e outros membros do STF. “Eu ia estar na equipe, ia botar pra f*** nesse f***”, disse. Em outro trecho, ele deixa claro que estavam dispostos a usar violência: “A gente ia com muita vontade, ia empurrar meio mundo de gente, matar meio mundo de gente”.

O policial diz que o grupo esperava apenas um sinal de Bolsonaro. “Só faltava o ok do presidente, uma canetada. Só que o presidente deu para trás”, relatou.


Relembre o passo a passo da tentativa de golpe no 8/1

De acordo com o relatório da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos do Dia 8 de janeiro de 2023, 5.500 pessoas estavam no acampamento no sábado, dia 7 de janeiro - quantidade muito superior aos 300 manifestantes que ocupavam o local dois dias antes, 5 de janeiro.

O acampamento ficava no Setor Militar Urbano (SMU) em uma área proibida para ocupações por lei (Decreto-Lei nº 3.437/1941, ainda em vigência). Aquele território (de 1.320 metros) em torno de fortificações é considerado área de “servidão militar”.

O SMU está a uma distância de nove quilômetros em linha reta, pelo Eixo Monumental, do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto, e do Supremo Tribunal Federal. Dali, os bolsonaristas partiram por volta das 13h. Duas horas depois, iniciavam um inédito atentado terrorista no Brasil contra os Três Poderes e de destruição parcial de suas sedes na capital do país.

Todos os passos foram identificados e constam no relatório da CPMI do 8 de janeiro. Confira um retrospectiva dos principais momentos:

8h20 – Alertas da Abin informam que até esse horário haviam chegado 101 ônibus a Brasília para “os atos previstos na Esplanada.”

10h – Novo alerta da Abin, a grupo do WhatsApp formado pela PMDF e o GSI/PR entre outros, continua a chegada de manifestantes ao QG do Exército e “que permanecem convocações e incitações para deslocamento até a Esplanada dos Ministérios, ocupações de prédios públicos e ações violentas.”

13h – Marcha com milhares de pessoas deixa o acampamento do Setor Militar Urbano.

13h23 - Fernando de Sousa Oliveira, substituto de Anderson Torres na Secretaria de Segurança Pública do DF envia áudio ao governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, tranquilizando-o sobre a manifestação.

14h30 – Informe da Abin registra que a marcha alcança a primeira barreira policial na Via N1, na altura da Catedral.

14h43 – Grupo chega à linha de contenção formada por duas linhas de gradil localizada na Avenida das Bandeiras.

14h45 – À frente do Congresso Nacional estão apenas 20 PMs do 1º Batalhão de Policiamento de Choque.

15h – Golpistas já conseguiram subir a rampa do Congresso para invadir e destruir prédio.

15h10 – Outros grupos invadem o estacionamento e a parte de trás do Palácio do Planalto.

15h15 - 12 PMs do 2º Pelotão de Policiamento de Choque chegaram ao Congresso, mas não reprimem os invasores e “chegaram a sinalizar para que os presentes prosseguissem com a invasão”, descreve relatório da CPMI.

15h16 – PM se retira da via S1 na altura do Congresso, e liberam acesso aos insurgentes para alcançarem o prédio do Supremo Tribunal Federal.

15h20 – Vândalos derrubam as grades de isolamento do Palácio do Planalto, sobem rampa, quebram os vidros da fachada e entram no prédio.

15h26 – Manifestantes chegam à Praça dos Três Poderes em ponto próximo ao STF. Policiais estimam a presença de cerca de 4 mil pessoas.

15h37 – Inicia a invasão do edifício-sede do STF

15h45 – Golpistas chegam ao 3º andar do Planalto, onde fica o gabinete do presidente da República.

15h53 – PMs abandonam o prédio do Congresso Nacional. Alguns deles são atacados pelos terroristas.

16h25 – Inicia a expulsão invasores dos prédios públicos.

16h40 - Chega ao Palácio do Planalto o Batalhão da Guarda Presidencial (BGP)

17h - O Batalhão de Choque da PMDF, requerida duas horas antes, chegou ao Congresso Nacional.

17h08 – O governador do DF, Ibaneis Rocha, demite o secretário de Segurança Pública, Anderson Torres, em férias antecipada nos Estados Unidos.

17h15 – Entram no palácio presidencial a Companhia da Base de Administração e Apoio do Comando Militar do Planalto e um pelotão do 1º Regimento de Cavalaria de Guardas.

17h30 – Boa parte dos prédios invadidos estão desocupados, mas multidão ainda se concentra em parte externa do Congresso Nacional.

17h50 – De Araraquara (SP), o presidente Lula decreta intervenção federal na Secretaria de Segurança Pública do DF.

18h20 – Extremistas colocam fogo no gramado do Congresso Nacional.

19h – Em vídeo na internet, o governador Ibaneis Rocha pede desculpas à população.

20h – O interventor na Secretaria de Segurança do DF, Ricardo Capelli, convoca todo efetivo de segurança para a Esplanada para efetuar o maior número possível de prisões e expulsar os insurgentes da área. Capelli negocia com militares as prisões no acampamento do SMU, que ocorreriam nas primeiras horas do dia 09/01.

21h17 – Dos Estados Unidos, cerca de 6 horas após o início das invasões e depredações, o ex-presidente Jair Bolsonaro publica nota em rede social condenando os ataques e se eximindo de qualquer responsabilidade.

22h – O presidente Lula vistoria o Palácio do Planalto e o STF em companhia dos ministros Rosa Weber, Roberto Barroso e Dias Toffoli.

Classificação Indicativa: Livre

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