Política
Em meio à crescente obstrução das atividades no Congresso Nacional, os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), intensificaram conversas para formular uma resposta conjunta à crise política que se arrasta desde o início da semana. A dupla vem debatendo uma saída para evitar o travamento total da pauta legislativa.
A proposta em discussão prevê um posicionamento unificado das duas casas em relação às estratégias de enfrentamento da oposição, que tem ocupado plenários e ameaçado desestabilizar votações importantes.
A mesa diretora da Câmara já solicitou uma reunião com Hugo Motta para alinhar uma resposta coordenada, após declarações do vice-presidente da Casa, Altineu Cortes (PL-RJ), de que colocará em pauta o projeto da anistia caso o presidente da Câmara viaje para o exterior.
A movimentação ocorre em um ambiente de forte pressão, especialmente após o mal-estar causado por ameaças do governo dos Estados Unidos sobre possíveis sanções a autoridades brasileiras. Para integrantes do centrão, é urgente que Hugo e Alcolumbre façam um gesto político à oposição para conter o desgaste e retomar a normalidade dos trabalhos.
Anistia sob nova roupagem
Nesse cenário, ganha força nos bastidores a ideia de votar um texto alternativo do Projeto de Lei da Anistia, negociado entre Hugo Motta, Alcolumbre e interlocutores ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro. A nova versão do texto, descrita como uma proposta “light”, busca construir um consenso no Parlamento e aliviar a tensão que ameaça paralisar o Congresso.
Diferente da versão anterior, o novo projeto não beneficiaria diretamente Bolsonaro. O foco seria a unificação de dois crimes atualmente separados no Código Penal — tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado democrático de direito — em uma única tipificação. A medida abriria caminho para a revisão de penas impostas a réus já condenados.
A ideia central do novo texto é reduzir as penas totais e, com isso, acelerar a liberdade de pessoas que, segundo seus aliados, já teriam cumprido tempo suficiente de condenação. A proposta visa amenizar o desgaste político sem dar margem a interpretações de impunidade ampla.
Congresso no limite da ruptura
Nos corredores do Congresso, a expectativa é de que a eventual votação do novo texto sirva como válvula de escape para o impasse que se instalou entre base e oposição. Apesar da cautela pública, os presidentes das duas casas legislativas sinalizam nos bastidores que uma decisão precisa ser tomada com rapidez, antes que a crise atinja um ponto de ruptura.
A oposição, por sua vez, mantém a pressão e promete continuar ocupando os plenários enquanto não houver uma solução política satisfatória. A disputa pelo controle da pauta legislativa transformou-se em um cabo de guerra que ameaça não apenas a governabilidade, mas a estabilidade do próprio Parlamento.
Caso não haja avanço, aliados já falam em um possível esvaziamento das votações nos próximos dias, o que poderia levar a uma paralisação inédita em um dos momentos mais delicados do cenário político recente.
Informações: CNN Brasil
Classificação Indicativa: Livre