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por José Nilton Jr.
Publicado em 03/09/2025, às 15h31
Um estudo elaborado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e pelo Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) mostrou a existência de fortes disparidades em relação ao acesso à internet no Brasil, especialmente entre as pessoas de baixa renda.
Segundo dados da pesquisa, 35% dos brasileiros que ganham até um salário mínimo e 35,6% daqueles com renda entre um e três salários mínimos ficaram cerca de sete dias sem internet móvel nos 30 dias anteriores à realização do levantamento. O não acesso aconteceu por falta de franquia de dados.
A situação fica ainda mais complicada em relação aos mais pobres: 11,6% permaneceram offline por mais de 15 dias. Esse índice é quase seis vezes superior ao registrado entre quem ganha acima de três salários mínimos (2,2%).
63,8% deixaram de utilizar serviços bancários ou financeiros; 56,5% não conseguiram acessar sites governamentais; 55,2% tiveram seus estudos interrompidos; e 52,3% ficaram sem acesso a serviços de saúde.
Os números também mostraram que a publicidade digital consome dados de maneira significativa. Mais da metade dos entrevistados, em todas as faixas de renda, afirmou que vídeos publicitários aparecem “sempre” ou “muitas vezes” durante a navegação.
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A pesquisa foi executada entre os meses de agosto de 2023 e junho de 2024. Foram feitas entrevistas telefônicas assistidas por computador (CATI). Cerca de 593 usuários de telefonia móvel (pré-paga e pós-paga) e internet fixa foram ouvidos, todos maiores de 18 anos de idade, em todas as regiões do Brasil.
Em relação aos que recebem até um salário mínimo, 51% possuem celulares que custaram menos de R$ 1 mil reais, enquanto, nas faixas de renda mais altas, predominam aparelhos mais caros.
Ainda assim, mais da metade dos brasileiros entrevistados afirmou ter celulares adquiridos há menos de dois anos.
No que diz respeito aos computadores, 47,3% dos que não possuem o equipamento apontaram o preço elevado como principal barreira. Outros fatores foram o desinteresse e a falta de conhecimento para utilizar o dispositivo.
O estudo também avaliou a satisfação dos consumidores em quatro dimensões, com notas médias:
Celular: 8,3
Habilidades digitais: 8,2
Infraestrutura (internet fixa e móvel): 7,6
Adequação das necessidades de conexão: 7,8
Apesar das notas altas, a pesquisa apontou que os mais vulneráveis, como idosos e pessoas com renda de até um salário mínimo, registram índices menores de satisfação e de habilidades digitais.
De acordo com os pesquisadores, pode haver uma percepção distorcida: muitos se consideram mais capacitados digitalmente do que de fato são.
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