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Publicado em 28/05/2025, às 14h36 Redação
Camila Vasconcelos viu seu companheiro dançando com outra mulher em uma festa, mas isso não a deixou desconfortável e acabou se tornando até uma revelação. A psicanalista de 38 anos sentiu uma pontada de ciúmes, mas, para sua surpresa, sentiu também alegria. Ela viu felicidade na cena, o que a deixou em paz. Essa foi a primeira vivência de compersão de Camila.
O termo, que ainda não está presente nos dicionários da língua portuguesa, vem sendo utilizado por pessoas que vivem relações não monogâmicas para descrever o prazer e a felicidade ao ver o parceiro feliz com outra pessoa.
Sendo uma tradução livre da palavra em inglês compersion, o conceito surgiu por volta dos anos 1990 em comunidades poliamorosas dos Estados Unidos e hoje se espalha por diferentes países, incluindo o Brasil nessa estatística.
Camila, que mora em Florianópolis, iniciou essa jornada durante a pandemia, quando passou a conviver mais intensamente com Thiago (seu companheiro) e sua filha. O trio, fechado em casa pelo isolamento, começou a revisitar ideias sobre liberdade, desejo e individualidade. O casal passou a estudar a não-monogamia, mas levou um tempo até encarar o que chamavam de “o risco”.
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A cena da dança foi o empurrão. Dias depois, Camila também se interessou por outra pessoa em uma festa e decidiu que era hora de colocar em prática o que haviam estudado. Desde então, ela e Thiago mantêm relações afetivas paralelas e compartilham essas experiências nas redes sociais.
Entendedo melhor o conceito:
Especialistas apontam que o conceito de compersão ajuda a nomear emoções complexas que antes não encontravam espaço no vocabulário afetivo.
A psicanalista Regina Navarro Lins afirma que “o amor é uma construção social, que em cada período se apresenta de uma forma”, enquanto a socióloga Ana Canosa lembra que ciúme e compersão não são excludentes.
E quando o ciúme aparece? Camila responde com uma metáfora: “Eu não posso impedir que um pássaro voe sobre a minha cabeça, mas posso impedir que ele faça um ninho e more aqui”.
Classificação Indicativa: Livre