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Publicado em 28/05/2025, às 19h44 Redação
Parnamirim deu um grande passo para diminuir a fila de adoção no município. Nesta quarta-feira (28), a Prefeitura, o Ministério Público do Rio Grande do Norte e o Grupo de Apoio à Adoção (Abrace) assinaram um termo de cooperação para agilizar os processos de adoção e orientar mães sobre como entregar legalmente seus filhos para adoção. A ação faz parte do projeto “Pontes de Esperança”, apresentado durante o 4º Fórum da Adoção.
A promotora da Vara da Infância e Juventude de Parnamirim, Gerliana Rocha, explicou que o objetivo do projeto é evitar abandonos ilegais. “Muitas mães não sabem que podem entregar seus filhos de forma protegida, sem risco de punição. Queremos espalhar essa informação”, destacou.
O Abrace já atua há cinco anos como ponte entre mães biológicas e famílias adotivas, e tem ajudado dezenas de pessoas nesse processo. “O Abrace foi criado para ser uma porta de entrada segura e legal para mães que querem entregar seus filhos para adoção”, disse a presidente da organização, Xênia Brandão.
Durante o evento, histórias emocionantes foram compartilhadas. Silvia, que enfrentou várias tentativas frustradas de engravidar, contou que ser mãe era seu maior sonho, independente do caminho. “Gerar dentro de mim já não era tão importante, porque eu queria ser mãe, não importava como”, disse. Ao lado do marido Joabes, ela falou sobre o processo de adoção que os levou ao pequeno João Miguel. “Nossa espera valeu a pena. O Miguel estava destinado a ser nosso filho”, completou.
O termo assinado pela prefeita Nilda prevê ações em conjunto, como a capacitação de assistentes sociais e campanhas de conscientização. Segundo dados do Ministério Público, só em 2024, 15 crianças foram adotadas em Parnamirim, mas ainda há 30 esperando em abrigos. “Precisamos reduzir a burocracia. Crianças não podem esperar anos por uma família”, reforçou a promotora Gerliana.
O fórum também abordou um ponto delicado: o perfil exigido por quem quer adotar. Muitas famílias ainda rejeitam crianças mais velhas ou que têm irmãos, o que dificulta ainda mais a adoção. “Isso prolonga a espera. Precisamos mudar essa mentalidade”, alertou Xênia.
De acordo com o juiz José Dantas de Paiva, coordenador da Infância e Juventude no Judiciário do RN, o estado registrou 78 casos de entrega voluntária de crianças para adoção nos últimos quatro anos. Ao todo, 186 mães procuraram o Judiciário com esse desejo, mas a maioria acabou decidindo ficar com a criança após receber apoio e acompanhamento.
“Adoção voluntária é exatamente isso: uma mãe que, por algum motivo, quer entregar o filho para adoção. Muitas vezes é por uma gravidez não planejada, entre outras razões. É importante acolher essa mulher e mostrar que ela tem apoio”, explicou o juiz.
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