Política
Publicado em 18/08/2025, às 14h37 Reprodução/Internet Giovana Gurgel
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira que pretende liderar um movimento para acabar com o voto pelo correio e por urnas eletrônicas, assinando uma ordem executiva para “trazer honestidade às eleições de meio de mandato de 2026”, que renovam deputados e parte dos senadores.
Trump alega, sem provas, que a votação por correspondência foi fonte de fraude na eleição presidencial de 2020, que perdeu para Joe Biden.
Mesmo após os republicanos conquistarem ganhos expressivos em 2024, em parte devido ao incentivo de Trump aos eleitores a usar o voto pelo correio, o ex-presidente manteve sua oposição à prática. No pleito do ano passado, pouco mais de 30% das cédulas foram enviadas por correspondência.
Em suas publicações na rede social Truth Social, Trump descreveu o voto pelo correio e as urnas eletrônicas como um “desastre completo e total” e afirmou que a prática deveria acabar imediatamente. Ele ainda alegou, incorretamente, que os Estados Unidos seriam o único país que utiliza a votação por correspondência.
Trump não detalhou o que incluirá a ordem executiva, nem ficou claro se o governo federal teria poderes para interromper a modalidade, já que a legislação eleitoral é controlada em grande parte pelos estados.
Nos EUA, 28 estados permitem solicitar voto pelo correio sem justificativa, e oito estados mais Washington, D.C., enviam automaticamente as cédulas, abrangendo cerca de 20% dos eleitores.
O ex-presidente afirmou que os estados são “meros agentes” do governo federal na contagem dos votos e que deveriam seguir as determinações do presidente. Segundo ele, sem o voto pelo correio, os democratas seriam “praticamente inelegíveis”.
Trump também comentou que o presidente russo, Vladimir Putin, teria concordado com ele sobre a suposta fraude de 2020, durante a cúpula no Alasca. “Sua eleição foi fraudada porque vocês têm votação por correspondência”, disse Trump.
O ceticismo republicano sobre o voto pelo correio e a votação antecipada já deu vantagens aos democratas em eleições passadas. Em 2020, candidatos republicanos que lideravam nas contagens iniciais viram suas margens diminuir ou desaparecer após a contagem das cédulas enviadas por correspondência.
O voto por correspondência passou de menos de 10% dos eleitores em 1996 para quase metade durante a pandemia de 2020, e ainda representava cerca de um terço do total em 2022.
Defensores da modalidade argumentam que ela amplia a participação eleitoral, especialmente para pessoas com deficiência, pais de crianças pequenas e trabalhadores com longas jornadas, permitindo também que os eleitores pesquisem os candidatos com calma antes de registrar o voto.