Política
Publicado em 14/10/2025, às 14h15 Entre as ações descritas por Gonet, está a produção de um relatório fraudulento sobre as urnas eletrônicas - Gustavo Moreno/STF José Nilton Jr.
Nesta terça-feira (14), o procurador-geral da República, Paulo Gonet, pediu a condenação dos sete réus do Núcleo 4 da conspiração que, de acordo com as investigações, tentou garantir a permanência do ex-presidente Jair Bolsonaro no poder após a derrota nas eleições de 2022.
Durante quase uma hora de sustentação oral, Gonet afirmou que o grupo promoveu uma “guerra informacional” com o propósito de criar um ambiente propício para um golpe de Estado.
Ainda de acordo com o procurador-geral, os acusados usaram a estrutura do próprio governo para difundir desinformação e desacreditar o sistema eleitoral brasileiro. Ele destacou a existência da chamada “Abin paralela”, estrutura que teria sido montada dentro da Agência Brasileira de Inteligência para vigiar opositores políticos e coletar informações que pudessem alimentar campanhas de desinformação nas redes sociais.
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“Os indivíduos deste núcleo foram responsáveis por criar e espalhar narrativas distorcidas, destinadas a convencer parte da população de que a democracia estava se voltando contra o povo”, declarou Gonet.
Entre as ações descritas por Gonet, está a produção de um relatório fraudulento sobre as urnas eletrônicas, documento que, segundo a PGR, foi utilizado para contestar o resultado das eleições de 2022 e incitar a militância bolsonarista.
O procurador mencionou ainda que ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica foram alvos de campanhas difamatórias por se recusarem a aderir ao plano golpista.
A acusação também aponta que o grupo utilizava empresas de fachada, canais digitais e articulações dentro das Forças Armadas para disseminar informações falsas e legitimar a ideia de fraude eleitoral. O objetivo, segundo Gonet, era desestabilizar as instituições e abrir caminho para uma ruptura democrática.
A PGR classifica as ações como parte de um plano estruturado e sustentado por uma rede de militares e civis, que operavam de forma coordenada para influenciar a opinião pública e desacreditar o processo eleitoral.
O grupo acusado é composto por Ailton Gonçalves Moraes Barros, Ângelo Martins Denicoli, Giancarlo Gomes Rodrigues, Guilherme Marques de Almeida, Reginaldo Vieira de Abreu, Marcelo Araújo Bormevet e Carlos Cesar Moretzsohn Rocha, este último presidente do Instituto Voto Legal.
Eles respondem por organização criminosa armada, tentativa de golpe de Estado, dano qualificado por violência e grave ameaça, entre outros crimes.
As defesas alegam que a PGR não individualizou as condutas de cada acusado e que a denúncia se apoia em “indícios e conjecturas”. No entanto, o Ministério Público sustenta que o conjunto de provas evidencia uma trama coordenada para subverter a ordem democrática.
O julgamento, iniciado na manhã desta terça-feira, está sendo conduzido pela Primeira Turma do STF, composta pelos ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Cristiano Zanin, Luiz Fux e Cármen Lúcia.