Geral
Publicado em 14/07/2025, às 21h22 BNews Natal
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, revelou uma preocupação de setores da saúde pública diante do aumento de relatos de problemas como depressão, conflitos familiares e até suicídio, em razão da expansão de empresas online, mais conhecidas como “bets”, no Brasil.
Em entrevista à Rádio Verdinha FM 92.5, no Ceará, Padilha falou sobre a preocupação com a ludopatia e chegou a defender que as próprias bets forneçam aos usuários orientação sobre políticas de saúde mental.
“Temos novos desafios: estou nesse momento fazendo uma luta sobre a ludopatia, o vício em jogos eletrônicos. Tem pais e mães de família perdendo até 80% do salário nisso. Pra mim, é igual à luta contra o tabaco”, destacou.
Padilha lembrou que ajudou a criar a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) quando foi ministro pela primeira vez, em 2011, destinada ao acolhimento e ao cuidado de pessoas em sofrimento mental, “mas de lá pra cá esse problema se agravou muito”, principalmente no pós-pandemia da Covid-19.
APOSTAS E SEQUELAS
Uma pesquisa do Instituto DataSenado feita em 2024 projetou que 13% dos brasileiros com 16 anos ou mais (cerca de 22 milhões de pessoas) haviam participado de apostas nos 30 dias anteriores ao levantamento.
Leia: Apostas em BETS comprometem acesso de jovens ao ensino superior em 2026
Leia: Aumento de bets leva órgãos de defesa do consumidor a criarem regras
Outro estudo, o “Panorama Político 2024”, revelou que mais da metade dos apostadores (52%) recebe até dois salários-mínimos por mês (R$ 3.036).
Para o ministro, as próprias BETs precisam dar uma contribuição em relação ao problema, direcionando os jogadores a serviços especializados de saúde, enviando recados nas próprias plataformas.
“Defendo que as plataformas identifiquem um comportamento compulsivo e mandem mensagem oferecendo contato, telessaúde, para orientar e acolher essa pessoa”, ressaltou, destacando que as empresas possuem dados como identidade e frequência de uso dos jogadores.
Padilha também defende um novo protocolo de formação dos profissionais de saúde, sobretudo nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), para enfrentar esse novo problema de saúde mental “avassalador”. Segundo ele, a equipe técnica do Ministério está “estudando” como outros países estão lidando com o tema.
DISCUSSÃO EM ANDAMENTO
O debate deve ser capitaneado pelo Departamento de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas (Desmad) do Ministério da Saúde, que em junho ganhou um novo diretor: o médico psiquiatra Marcelo Kimati, professor de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Paraná (UFPR), com vasta experiência na área.
O Desmad tem como competência formular, coordenar, implementar, acompanhar e monitorar a política nacional de saúde mental, álcool e outras drogas, bem como dialogar com a sociedade brasileira para promover avanços nesta política.
Apostas travam futuro: 1 em cada 3 jovens adia faculdade por causa de bets e jogo do tigrinho
Seis em cada dez apostadores usaram bets ilegais este ano