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Deixe o comprimido de lado: pacientes agora recebem apps de saúde no lugar de remédios

Pacientes alemães estão optando por aplicativos de saúde em vez de medicamentos tradicionais, com apoio das seguradoras  |  Reprodução/Freepik

Publicado em 17/09/2025, às 14h21   Reprodução/Freepik   BNews Natal

Cada vez mais pacientes alemães estão recebendo aplicativos de saúde no lugar de medicamentos tradicionais. A tendência, que já conta com cobertura das seguradoras, marca uma virada no atendimento médico digital do país.

Um exemplo é Mona Noe, de 30 anos, funcionária pública diagnosticada com síndrome do cólon irritável. Ela convenceu seu médico a prescrever o aplicativo Cara Care, que reúne conselhos de bem-estar e um diário alimentar capaz de identificar os gatilhos das crises.

“É difícil fazer isso sozinha”, contou, explicando que o app transformou sua forma de cozinhar e evitar certos alimentos.

Atualmente, 56 aplicativos são cobertos pelas seguradoras de saúde alemãs, atendendo desde obesidade até saúde mental, e os custos que chegam a centenas de dólares por mês não ficam com o paciente.

Atendimento digital sob demanda

Conhecidos como DiGA, esses aplicativos podem ser receitados desde 2020. Nos últimos cinco anos, já foram emitidas mais de um milhão de prescrições, segundo a associação de fornecedores digitais SVDGV. Só em 2024, o número de receitas cresceu 85% em relação ao ano anterior.

Quase 60% dos médicos alemães já recomendaram algum DiGA. Um deles é o clínico Johannes Patze, de Frankfurt, que afirmou prescrevê-los “quase diariamente”, sobretudo na área de saúde mental, onde as filas de espera são longas. Para ele, a vantagem é clara: os apps oferecem cuidado 24 horas por dia, sete dias por semana.

Os recursos vão desde monitoramento do humor até consultas on-line, sessões de meditação e notificações motivacionais. Mas há um preço: uma assinatura de três meses custa em média 705 dólares (cerca de 3.750 reais). Desde 2020, as seguradoras já desembolsaram mais de 1,5 bilhão de reais para manter o sistema funcionando.

Debate sobre custos e futuro

Nem todos estão convencidos. A Associação de Fundos de Seguro de Saúde Estatuários critica os preços “excessivos” e a falta de evidências conclusivas sobre a eficácia das DiGA.

Ainda assim, médicos como Patze acreditam que, com o tempo, os apps podem reduzir os gastos médicos ao oferecer atendimento preventivo e personalizado.

A Alemanha destinou cerca de 2 trilhões de reais em 2024 para saúde, número inflado pelo envelhecimento populacional. “Os custos provavelmente serão menores a longo prazo, já que os pacientes recebem um melhor atendimento”, avaliou Patze.

Henrik Matthies, consultor de saúde digital, reforça a visão otimista. Para ele, embora haja investimento inicial, os aplicativos aceleram a recuperação dos pacientes e aliviam o sistema.

“É um custo inicial, mas ajuda os pacientes a voltar ao trabalho mais cedo”, disse.

Burocracia acelerada

O sucesso dos DiGA também se deve a um processo de aprovação ágil, algo incomum em um país conhecido pela burocracia. Desenvolvedores podem lançar seus apps três meses após o pedido e têm um ano para comprovar sua eficácia clínica.

Das 228 solicitações apresentadas nos últimos cinco anos, 43 aplicativos já receberam aprovação completa e outros 13 seguem em análise. Esse modelo ágil, segundo Matthies, foi “um verdadeiro catalisador” para o avanço da saúde digital na Alemanha.

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