Política
Publicado em 21/06/2025, às 09h42 Gabi Fernandes
Investigado por envolvimento em um esquema de descontos indevidos sobre aposentadorias, o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi) pressionou o governo federal, no início da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por mudanças nas regras que permitissem ampliar os descontos de mensalidade diretamente na folha de pagamento do INSS.
O Portal Metrópoles teve acesso a um ofício assinado em 30 de janeiro de 2023 pelo então presidente do Sindnapi, João Batista Inocentini. No documento, ele apresenta uma série de reivindicações ao então ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (PDT), que havia assumido o cargo naquele mês. Entre os pedidos, estava a autorização para descontar mensalidades sindicais de beneficiários do Bolsa Família e do Benefício de Prestação Continuada (BPC) — o que hoje é proibido por lei.
Os dois benefícios assistenciais, pagos pelo INSS, são destinados a pessoas em situação de vulnerabilidade social, como idosos e pessoas com deficiência. Atualmente, apenas aposentados e pensionistas podem sofrer descontos em folha para mensalidades associativas.
Apesar da pressão, o pedido do Sindnapi não foi atendido. Carlos Lupi deixou o ministério em maio de 2025, após a deflagração de uma operação da Polícia Federal contra o esquema bilionário de fraudes envolvendo sindicatos e entidades de aposentados.
Inocentini morreu em agosto de 2023. A presidência do sindicato foi assumida por Milton Cavalo, e o irmão do presidente Lula, Frei Chico — filiado ao sindicato desde 2008 se tornou vice-presidente da entidade em 2024.
Em nota, o Sindnapi negou relação entre o ofício enviado ao governo e o aumento dos descontos de mensalidades que ocorreram nos dois primeiros anos da gestão Lula. “É natural que as lideranças procurem o novo governo para fazer as articulações de suas pautas”, declarou a entidade.
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