Política
O presidente da Federação dos Municípios do Rio Grande do Norte (FEMURN), Babá Pereira, acusou o governo do RN de atrasar os repasses constitucionais do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e da Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB) e de reter valores relacionados ao ICMS e ao IPVA que pertencem aos municípios potiguares.
De acordo com o presidente da FEMURN, a prática estaria comprometendo diretamente o funcionamento das prefeituras, em especial na área da educação.Em declaração, Babá afirmou que o repasse do FUNDEB, previsto para a última quinta-feira (28), não havia sido feito até esta segunda-feira (1º).
“Os municípios precisam urgentemente desse fundo para cobrir seus compromissos financeiros, especialmente os relacionados à educação. Esses recursos pertencem aos municípios, e retê-los é como tomar posse de algo que não é do governo”, disse.
O dirigente disse ainda que contatou o secretário da Fazenda, Carlos Eduardo Xavier, que teria se comprometido a viabilizar a transferência, mas até o momento a situação permanece sem solução.
Além do FUNDEB, Babá denunciou a ausência de repasses relativos ao ICMS e ao IPVA. Segundo o presidente da FEMURN, os valores recuperados pelo Estado em dívidas fiscais, compensações e acordos não estão sendo considerados na partilha obrigatória com os municípios. Pela Constituição, 25% do ICMS e 50% do IPVA devem ser transferidos às prefeituras.
Babá afirmou que o governo estadual estaria utilizando compensações de dívidas e decretos de desonerações fiscais para evitar o repasse da parcela municipal. “O ICMS dos municípios está financiando as despesas públicas do Estado”, criticou.
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Na sua visão, Babá acredita que essa prática representa uma violação da Constituição e configura um conflito federativo grave, que poderia justificar até mesmo uma intervenção federal para assegurar a correta distribuição das receitas tributárias.
“Repassar as cotas de ICMS e IPVA nos percentuais previstos na Constituição aos Municípios não é uma faculdade, uma discricionariedade do Estado, que pode repassar ou não os valores que arrecada. É uma ordem da Constituição”, disse Babá.
De acordo com uma monitoração executada pela FEMURN, nos últimos cinco anos, aproximadamente R$ 245 milhões de reais deixaram de ser repassados aos municípios potiguares pelo Estado. A entidade afirma que já se reuniu diversas vezes com o governo, recebeu promessas de regularização, mas nunca viu os compromissos se concretizarem.
Para embasar as prefeituras em eventuais medidas judiciais, a FEMURN encomendou um estudo técnico detalhado que aponta a dimensão das perdas municipais com ICMS e IPVA não transferidos.
“Estamos em reunião, alinhando as próximas medidas a serem tomadas para reparar os prejuízos já ocorridos e fazer cessar a prática inconstitucional de apropriação de receitas tributárias pertencentes aos Municípios pelo Estado do RN”, concluiu Babá.
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