Política

Ministros do STJ são ligados a empresário investigado por corrupção, aponta PF

Ministros do STJ negam proximidade com Haroldo - Foto: STJ/Divulgação
A Polícia Federal investiga Haroldo Augusto Filho por vínculos com ministros do STJ na Operação Sisamnes, que apura venda de decisões judiciais  |   BNews Natal - Divulgação Ministros do STJ negam proximidade com Haroldo - Foto: STJ/Divulgação

Publicado em 17/07/2025, às 13h49   BNews Natal



A Polícia Federal identificou indícios de vínculo entre o empresário Haroldo Augusto Filho e ao menos dois ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ), no âmbito da investigação sobre venda de decisões judiciais. A apuração faz parte da Operação Sisamnes, deflagrada em novembro do ano passado com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF).

O empresário é sócio da Fource, consultoria que atua nos bastidores de disputas judiciais e que patrocinou eventos jurídicos em que estiveram presentes os ministros João Otávio de Noronha e Marco Buzzi.

No celular de Haroldo, a PF encontrou diálogos com familiares dos ministros e citações diretas aos magistrados. Em abril deste ano, Noronha utilizou uma aeronave privada fornecida pelo empresário para participar de evento organizado pela OAB de Mato Grosso. O ministro afirma que o voo foi custeado pela entidade.

Conversas revelam bastidores e articulações

Além da viagem, a PF identificou diálogos entre Haroldo e a advogada Catarina Buzzi, filha do ministro Marco Buzzi. Em uma das conversas, o empresário menciona a organização de um jantar para um ministro, afirmando ser amigo da filha dele. O nome de Buzzi não é citado, mas ele também participou de eventos jurídicos patrocinados pela Fource.

A consultoria aparece vinculada a um processo de disputa fundiária em Mato Grosso, que tramita sob a relatoria de Buzzi. Embora a empresa não conste formalmente nos autos, um advogado ligado à Fource atua no caso.

Em 2022, Buzzi concedeu uma liminar favorável à parte representada pela empresa nos bastidores. O processo será julgado pela Quarta Turma do STJ, presidida por Noronha, os dois ministros com quem Haroldo buscou aproximação.

Esquema envolvia lobista e advogado assassinado

A investigação teve origem no assassinato do advogado Roberto Zampieri, em dezembro de 2023. Diálogos encontrados em seu celular revelaram suspeitas de venda de sentenças judiciais com participação do lobista Andreson Gonçalves, que atuaria junto aos gabinetes do STJ. As mensagens citam decisões que passaram pelos ministros Noronha e Buzzi.

A PF já concluiu um inquérito apontando que Haroldo comprou decisões de desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso. Agora, investiga se o empresário buscou o mesmo tipo de influência no STJ.

Um novo inquérito apura a corrupção de assessores dos gabinetes de quatro ministros: Isabel Gallotti, Nancy Andrighi, Og Fernandes e Moura Ribeiro. Os servidores foram afastados e o STJ afirma que os processos administrativos seguem em andamento.

Ministros reagem, negam proximidade e explicam condutas

Noronha admitiu conhecer Haroldo, mas negou proximidade. Disse que a viagem a Cuiabá foi organizada pela OAB de Mato Grosso, não pelo empresário. Também afirmou ter se declarado suspeito para julgar o inquérito sobre decisões judiciais em Mato Grosso, justamente por causa da viagem na aeronave de Haroldo. A presidente da OAB-MT, Gisela Cardoso, disse desconhecer o envolvimento da entidade com o voo.

Até o momento, os ministros citados não são formalmente investigados. As informações reunidas pela PF estão sob relatoria do ministro Cristiano Zanin, no STF.

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