Política
Após mais de três semanas sem aparições públicas, o aiatolá Ali Khamenei reapareceu em Teerã no último domingo (24/8). Em discurso na mesquita de sua residência, o líder supremo do Irã rejeitou mais uma vez qualquer negociação direta com os Estados Unidos e acusou Washington de querer subjugar o país.
Para ele, a defesa de um diálogo direto seria apenas uma “visão superficial”.
Khamenei afirmou que não há possibilidade de acordo, pois os norte-americanos teriam como objetivo colocar o Irã sob seu comando.
“Nossos problemas são insolúveis. Aqueles que dizem ‘por que vocês não negociam diretamente com os Estados Unidos para resolver seus problemas?’ estão apenas enxergando a superfície”, declarou o líder iraniano em mensagem publicada em seu site oficial.
A fala ocorre em um momento delicado. Desde o cessar-fogo de 24 de junho, anunciado pelos EUA, o Irã vive instabilidade após uma guerra de 12 dias contra Israel que deixou mais de mil mortos e destruiu instalações nucleares estratégicas.
Enquanto o país enfrenta a crise interna, a pressão internacional aumenta. França, Alemanha e Reino Unido já alertaram que poderão acionar o mecanismo de “snapback” caso o Irã não retome até o fim de agosto as negociações com os Estados Unidos e sua cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
Esse dispositivo permite o restabelecimento imediato de todas as sanções da ONU suspensas desde o acordo nuclear de 2015. Até agora, porém, Teerã não demonstra intenção de recuar.
A possibilidade de novas sanções agrava o cenário de colapso econômico. O Irã enfrenta inflação anual superior a 50% e dificuldades crescentes para manter sua economia em funcionamento.
As palavras de Khamenei reforçam a linha de resistência do regime iraniano diante das pressões ocidentais. Sua ausência prolongada do cenário político havia gerado especulações sobre seu estado de saúde e sobre possíveis disputas internas pelo poder.
Agora, com a volta ao púlpito e o tom desafiador contra Washington e a Europa, o líder supremo sinaliza que o país não pretende ceder facilmente. Entretanto, a combinação de instabilidade interna, ameaça de sanções internacionais e crise econômica coloca o Irã em uma encruzilhada que pode definir os rumos de sua política nos próximos meses.
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