Política

IOF atinge mais ricos ou pobres? Especialista explica quem paga a conta se Lula vencer no STF

O IOF incide sobre empréstimos e financiamentos - Reprodução/Freepik
Após o Congresso derrubar o decreto de aumento do IOF, muitos se perguntam quem realmente arcará com os custos desse imposto  |   BNews Natal - Divulgação O IOF incide sobre empréstimos e financiamentos - Reprodução/Freepik

Publicado em 01/07/2025, às 15h49   BNews Natal



A dúvida sobre quem sente mais no bolso o impacto do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) voltou a ganhar força após o Congresso derrubar o decreto do governo Lula que aumentava a alíquota do imposto. Com a possibilidade de o Supremo Tribunal Federal (STF) restabelecer a medida, muitos brasileiros querem saber quem realmente vai arcar com os custos.

O economista Tsai Chiu, CEO da empresa de investimentos STI, esclareceu à CNN que o IOF tem alcance amplo e vai além da elite financeira. Embora operações de câmbio e aplicações em moeda estrangeira impactem principalmente os mais ricos, boa parte do peso recai sobre a classe média e os mais pobres, que dependem do crédito para consumo e pagamento de dívidas.

O IOF incide sobre diversas operações, como empréstimos, financiamentos, uso do cartão de crédito e previdência privada. Cada uma atinge grupos diferentes, mas são os consumidores de menor renda que mais sofrem, já que grande parte da população parcela compras e recorre ao crédito rotativo.

Câmbio para os ricos, crédito para os pobres

Segundo Tsai Chiu, o IOF cambial realmente onera quem faz remessas ao exterior, viaja frequentemente ou investe em dólar, perfil mais restrito à população de alta renda. No entanto, a face mais pesada do imposto está no IOF sobre o crédito, que é utilizado massivamente por brasileiros que precisam financiar despesas básicas.

O economista explica que, ao aumentar essa tributação, o governo acaba elevando o custo do dinheiro para quem tem menos condições de negociação junto aos bancos. São justamente essas pessoas que recorrem a empréstimos, parcelamentos e financiamentos em momentos de aperto financeiro.

Já na previdência privada, a repercussão foi menor, mas o decreto também trouxe incertezas ao mercado. Segundo Tsai, houve dúvidas sobre como recolher o imposto e quem seria responsável, o que aumentou o desconforto entre instituições financeiras e investidores.

O que muda se o STF validar o decreto

Com a decisão do Congresso de sustar o decreto, as alíquotas voltaram ao patamar anterior. No entanto, o governo Lula avalia recorrer ao Supremo Tribunal Federal para restabelecer a cobrança maior. Caso o STF acate o recurso, a arrecadação federal sobre operações financeiras deve crescer novamente.

Tsai lembra que o IOF é, antes de tudo, uma estratégia fiscal para cobrir o rombo no orçamento. Ele alerta que, se a arrecadação não vier do imposto, o governo terá de reduzir despesas ou buscar novas fontes de receita. Porém, qualquer proposta que envolva cortes de benefícios fiscais costuma enfrentar forte resistência política no Congresso.

No fim das contas, como reforça o economista, quem mais perde é quem depende do crédito para fechar o mês. “O rico sente no câmbio, mas o pobre sofre no crédito”, resume Tsai Chiu. Para ele, o IOF se tornou um imposto silencioso, que passa despercebido, mas pesa sobre quem tem menos margem de manobra financeira.

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