Política
por Giovana Gurgel
Publicado em 30/07/2025, às 16h52
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, passou a integrar oficialmente a lista de sanções dos Estados Unidos, ao lado de nomes ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC), Hezbollah, Hamas, Al-Qaeda e até de empresas e empresários brasileiros.
A sanção foi confirmada nesta quarta-feira (30) com base na Lei Magnitsky, mecanismo jurídico adotado para punir estrangeiros acusados de violações graves aos direitos humanos e corrupção.
Segundo o Tesouro dos EUA, Moraes “assumiu a responsabilidade de ser juiz e júri em uma caça às bruxas ilegal contra cidadãos e empresas americanas e brasileiras”.
O documento afirma que ele promove censura, prisões arbitrárias e processos politizados, inclusive contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Todos os bens e contas bancárias de Moraes em solo americano foram bloqueados e ele está proibido de entrar no país, assim como seus familiares.
A medida integra a Ordem Executiva 13818, e vem após o Departamento de Estado revogar o visto do ministro e de seus parentes no último dia 18 de julho. A acusação afirma que Moraes atua diretamente para reprimir cidadãos norte-americanos em território dos EUA.
Criminosos internacionais dividem lista com magistrado brasileiro
Na mesma relação de sancionados constam integrantes do PCC, como Diego Macedo Gonçalves do Carmo, o “Brahma”, acusado de lavar dinheiro para a facção.
O governo americano também apontou a organização por envolvimento com o tráfico de drogas e ações ilícitas transnacionais. As punições incluem o congelamento de bens e a proibição de negócios com cidadãos americanos.
Líderes do Hezbollah com atuação na América do Sul também foram incluídos. Estão na lista Assad Ahmad Barakat e Farouk Omairi, ambos com operações na Tríplice Fronteira (Brasil, Paraguai e Argentina). Bilal Mohsen Wehbe e Ali Muhammad Kazan, ligados à liderança xiita e à escola libanesa em Foz do Iguaçu, completam o grupo.
O documento americano destaca ainda o nome de Muhammad Tarabain Chamas, um dos homens mais ricos de Ciudad del Este, acusado de financiar o Hezbollah, e Ciro Daniel Amorim Ferreira, ligado ao grupo extremista Terrorgram Collective.
Sanções atingem empresas e nomes ligados à Al-Qaeda, Hamas e Coreia do Norte
Entre os alvos também estão Mohamed Ahmed Elsayed Ahmed Ibrahim, egípcio residente em São Paulo, suspeito de ligação com a Al-Qaeda e investigado em operação que mirou o Comando Vermelho no Rio.
Empresas como a Marrocos Móveis e Colchões (Home Elegance) e a Enterprise Comércio de Móveis, ambas sediadas em São Paulo, foram incluídas por suposto apoio logístico e financeiro a organizações terroristas.
Ahmad Al-Khatib, sócio de uma dessas empresas, teria colaborado com Ibrahim em nome da Al-Qaeda. Já Fahd Jamil Georges, conhecido como “Rei da Fronteira” e alvo antigo da Polícia Federal, foi citado por sua atuação na corrupção e no narcotráfico entre Brasil e Paraguai.
A lista de sancionados fecha com nomes como Ghazi Hamad, porta-voz do Hamas, e a empresa Ocean Maritime Management Company, ligada a navios norte-coreanos e já alvo de restrições devido às sanções impostas aos negócios da Coreia do Norte.
Lista dos EUA mistura crime, política e terrorismo internacional
A sanção a Moraes gerou forte repercussão no Brasil, não apenas pelo peso simbólico de colocá-lo ao lado de facções criminosas e grupos terroristas, mas também pelas implicações políticas e diplomáticas.
O gesto dos EUA sinaliza endurecimento nas relações e acende alerta sobre os desdobramentos da atuação do STF em temas sensíveis à política externa americana.
Para o governo dos Estados Unidos, a inclusão do ministro na lista se justifica por violações severas aos direitos humanos, sobretudo pela atuação repressiva contra cidadãos americanos, ainda que fora do território brasileiro.
A ofensiva atinge em cheio o Judiciário brasileiro e intensifica o tom de confronto com o atual cenário político do país.
A Lei Magnitsky, criada em 2012 durante o governo de Barack Obama, já foi usada contra líderes russos, chineses, iranianos e venezuelanos. Agora, mira o Brasil com força inédita.
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