Política

Cadu Xavier: “Nunca tive o sonho de ser governador, mas tenho uma missão de mudar ainda mais a realidade do nosso Estado”

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Secretário da Fazenda do Rio Grande do Norte, filiado ao PT, Cadu Xavier é pré-candidato a governador do Rio Grande do Norte  |   BNews Natal - Divulgação Reprodução: Redes Sociais

Publicado em 10/05/2025, às 21h58   Redação



Secretário da Fazenda do Rio Grande do Norte, com perfil de centro-esquerda, Cadu Xavier é filiado ao PT e pré-candidato a governador com a missão de defender o legado do Governo Fátima Bezerra.

Nesta entrevista exclusiva ao BNews Natal, ele conta como foi a escolha do seu nome para ser o pré-candidato da situação; qual legado vai defender, como pretende conquistar os votos dos eleitores que ainda não o conhecem, quais são os políticos que o inspiram e qual sua chapa ideal para 2026.

BNews Natal - Como foi a escolha, o convite, a conversa para lançar o seu nome como pré-candidato do PT a governador?

CADU: Primeiro foi um grande orgulho e um grande susto, vamos dizer assim. Não porque eu não esperasse, não é isso. Eu já tô aqui no governo da professora Fátima há seis anos e quatro meses. Naquele momento de seis anos, foi no início do ano, essa conversa, e em vários momentos... Com ela, com Raimundo, com Adriano, a conversa definitiva, mas ao longo desse processo já vários atores, tanto do governo, tanto do PT e de outros partidos inclusive, sempre colocaram pra mim que, “ó, você tem um perfil. Você é muito técnico, muito competente, mas você tem uma pegada interessante para a política. Você é um cara que passa credibilidade, você é um cara que se comunica bem”. Então já tinha, não é uma coisa que caiu no meu colo, do nada. Já tinha essa possibilidade, vamos dizer assim, essa mudança de rumo na minha vida. Eu me filei ao PT em 2021, antes da eleição passada. Naquele processo, pensei em me candidatar, em algum momento avaliei, eu tinha muito menos experiência do que eu tenho hoje. Quatro anos se passaram, então, ali naquele momento tudo foi muito movido a um pouco de emoção e acabei optando por não trilhar esse caminho. Primeiro que eu gosto muito do Executivo, não que eu não valorize o papel dos nossos parlamentares, claro, tem uma importância, mas eu me identifico muito com o Executivo. E também por motivos pessoais, naquele momento eu optei por não trilhar o caminho, a possibilidade era ser candidato a deputado federal, etc. Eu decidi ficar no Executivo, continuar no governo da professora, eu sabia também naquele momento já a importância do meu papel no governo, para o bom funcionamento do governo, sabia que se eu saísse a gente teria um pouco mais de dificuldade, então foi um susto, mas já era algo que estava no radar e também um grande orgulho, porque veja, eu não sou, isso não adianta negar, eu não sou um filiado tradicional do Partido dos Trabalhadores.

BNews Natal – O senhor não tem o estereótipo do petista... 

CADU- Isso. Mas hoje a gente tem, dentro do Partido dos Trabalhadores, várias figuras que eu me inspiro e vejo certa semelhança na trajetória. Por exemplo, o ex-governador o Ceará, Camilo Santana, um cara que tem uma trajetória parecida com a minha, hoje ele é ministro da educação, é senador eleito. O governador do Piauí é muito semelhante. Ele, Rafael, era secretário da Fazenda do governo do Wellington Dias, hoje ministro do governo Lula, era presidente do CONSEFAZ, assim como eu fui também, e sem ter disputado nenhuma eleição foi indicado para ser sucessor do ex-governador Wellington Dias e venceu as eleições e hoje é governador e tem um perfil muito parecido também. Não é um militante histórico, é um cara jovem, até mais jovem que eu. Então essa questão do estereótipo do PT ela vem mudando ao longo dos anos. Eu acho que faz parte de um processo e eu me adequo nesse perfil, de um perfil mais de centro-esquerda, um perfil técnico, e um perfil de diálogo, aí o diálogo eu tenho que dizer que vem muito da minha personalidade e muito do aprendizado nesses seis anos trabalhando com a governadora, que eu acho que uma característica marcante de Fátima é a capacidade de diálogo dela, e eu aperfeiçoei isso ao longo desses seis anos. 

Cadu Xavier, Lula e Fátima | Reprodução: Redes Sociais

BNews Natal - E como foi, no primeiro momento, a aceitação dentro do partido?

CADU: Foi muito bom. Assim, foi um negócio que me surpreendeu positivamente. Eu tinha um certo... não vou dizer medo, mas eu tinha uma preocupação de como é que o partido ia me acolher. Importante também dizer que, ao longo desses quatro anos, que eu já estou filiado, nunca tive nenhum tipo de resistência dentro do Partido dos Trabalhadores, mas também nunca foi colocado nessa, com essa, no meu nome, num papel de protagonista, de conduzir um processo de sucessão do governo da professora Fátima, e me surpreendeu muito positivamente. Assim, eu nessa caminhada de construção do meu nome como pré-candidato ao governo há quatro meses, né, começou ali no início do mês de fevereiro, na verdade, mais ou menos no meio do mês de janeiro, e assim, foi super bem recebido pelos parlamentares, né, Natália, Mineiro, Chico, Diva, Isolda, os parlamentares de Natal, Samanda, Daniel, Brisa, Plúvia, que é parlamentar lá em Mossoró, Madson, que é parlamentar em Currais Novos, todos os parlamentares do PT me receberam muito bem, os prefeitos, né, o prefeito Lucas, que é um prefeito de uma cidade importante aqui do estado, que é Currais Novos, o ex-prefeito Odon. Então, assim, foi muito legal, foi muito legal e isso desceu para a militância, o mais legal foi isso, né, e é um processo de construção de laços. Assim, eu tenho, isso tá sendo muito, eu faço muita questão, tenho sido cobrado, né, por quem sempre me olhou como, ah, você é um cara, como eu disse, mais de centro-esquerda, você tá dialogando com as alas mais militantes do partido, mas eu, fui eu que fiz essa questão, veio de mim esse movimento, porque eu acho que eu preciso ter essa militância comigo, essa militância motivada para a gente fazer uma grande campanha no ano que vem.

BNews Natal – O Sr. falou em construção de laços dentro da militância do PT. Como pensa em construir a sua imagem e os seus laços com os eleitores fora dessa bolha? Qual imagem quer construir como candidato? 

CADU - Quem não me conhece... Quem não conhece o meu trabalho ainda... Eu vou passar a imagem daquelas pessoas que já conhecem o meu trabalho. Que sempre me viram como um cara pragmático, um cara que pensa no desenvolvimento do Estado, um cara que sempre tomou ações pensando no resultado pra população do Rio Grande do Norte. Minha atuação aqui nesses 6 anos nunca foi uma atuação que se deslocasse dos interesses de quem vive aqui no Estado. Então meu grande trabalho vai ser levar para as pessoas que ainda não conhecem o meu trabalho, a imagem que eu construí ao longo desses 6 anos, que foi a imagem de um cara ponderado, um cara de diálogo, um cara que não tem radicalismo, que não tem ideia fixa, tenho convicções na minha vida, mas não sou um cara de cabeça dura que não dialogo. Não vai ter nenhuma mudança do que eu fiz nesse processo, é só tornar isso público com mais ênfase nas ideias que eu defendo e acho que meu trabalho vai ser esse.

BNews Natal - Hoje temos um país politicamente polarizado, disputa de direita X esquerda. Pretende entrar nesse debate?

CADU - Hoje a gente tem que defender as nossas ideias. Eu sou um cara de centro-esquerda. Sou um cara de esquerda a vida toda, vou defender as ideias que eu acredito. O que espero é que a gente não faça uma campanha aqui debatendo pautas que não interessam para a população. Eu acho que a gente tem que fazer um debate e eu me proponho a isso, de fazer debates de questões que tragam mudanças para a vida das pessoas que vivem no RN. Não adianta a gente fazer discussão aqui que não vai interferir no dia-a-dia do cara que usa as estradas, que tem um filho na escola pública, as pessoas que precisam de saúde pública, isso tem que debatido numa eleição. Eu vejo as eleições no Brasil, às vezes, elas se desvirtuam para um campo de pautas que não vão mudar o dia-a-dia das pessoas. Eu quero fazer um debate seguindo esse caminho de retomada de capacidade de atração de investimentos, que eu acho que a gente caminhou bem nesse processo; da gente ter uma melhoria na segurança pública, como a gente caminhou bem nesse processo; de enfrentar os desafios da educação, da saúde que também, se você comparar com períodos anteriores, mesmo com os desafios que nós ainda temos, a situação é muito melhor. É esse o debate que eu quero fazer numa campanha e espero, que se eu for confirmado como candidato para defender o legado do governo e apontar uma continuidade do caminho que o debate em 2026 seja esse. Que a gente não vá fugir para outros debates que não interessam para quem vive aqui no estado.

BNews Natal – O Senhor falou em defender o legado do governo. Qual é o legado hoje, na sua opinião, da governadora Fátima Bezerra? Qual é a marca que ela vai deixar desses oito anos de gestão?

CADU - Olha, tem coisas que, às vezes, a população não tem conhecimento, mas para quem trabalha dentro do governo da professora Fátima, para mim, e para mim isso é muito caro, é uma coisa muito importante, a gente tem um governo extremamente sério, do ponto de vista de honestidade, de gestão, que talvez o Rio Grande do Norte tenha experimentado isso dessa forma que a gente fez, talvez pela primeira vez, isso é uma coisa muito importante. Mas para a vida das pessoas, o legado, acho que a grande transformação que a gente tem no governo da professora Fátima foi a segurança. A segurança pública, se a gente olhar os números hoje, esquecer paixões ideológica, que veja, é uma bandeira, até que se você for descer para bandeiras históricas de partidas de esquerda, nunca foi, a segurança pública nunca estava ali em primeiro lugar. Mas esse é um grande legado do governo da professora Fátima. A segurança pública no Rio Grande do Norte é outra hoje. A gente vivia num estado que as pessoas tinham medo de ir à farmácia, de ser assaltadas. Eu lembro que eu tinha filho pequeno, meus filhos cresceram já um pouquinho, mas eu ia deixar as crianças na escola naquelas cadeirinhas, eu deixava elas soltas, porque a gente tinha mais medo de ser assaltado na porta da escola do que sofrer um acidente no meio do caminho. A gente vivia num estado que tinha rebeliões constantes, presos, decapitados nas nossas unidades prisionais, ônibus sendo queimados, assaltos em ônibus, todos esses índices caíram consideradamente. Eu não estou dizendo que nós resolvemos todos os nossos problemas de segurança pública não, a gente evoluiu muito então acho que a segurança pública é o grande legado até agora e eu acho que quando terminar o governo esse programa de recuperação de estradas que a gente vai continuar agora ele vai ser uma marca, porque é aquilo que a pessoa vê né a segurança pública a gente sente, é uma sensação de segurança. As estradas, as pessoas vão sair pra se deslocar e vão dizer, poxa, a gente vive hoje quase com outra realidade do ponto de vista das estradas do estado e não havia uma recuperação como essa tão ampla há mais de 20 anos então acho que a marca daquilo que vê vai ser isso. Mas nós também temos avanços em outras áreas a saúde pública. Eu acho que é uma coisa, se você for olhar a realidade de hoje com a realidade que era, ela é bem diferente. Não quer dizer que não temos problemas, mas hoje a gente até, talvez esse seja o grande legado da pandemia, né? Ou seja, a pandemia foi uma época que ninguém gosta de lembrar porque foi muito difícil. Eu até acho, até digo que é o período que eu tenho mais orgulho desse período que eu estou no governo, foi o período da pandemia, como a gente atuou na pandemia, mas o legado da pandemia para o Rio Grande do Norte foi a interiorização da saúde. A gente hoje tem leitos de UTI em Assú, Caicó, Corras Novas, Pau dos Ferros, Apodi. A gente tem cirurgias sendo realizadas em Pau dos Ferros, então houve uma regionalização da saúde, o que acaba tirando a pressão do grande hospital aqui do Rio Grande do Norte, que é o Walfredo Gurgel. Casado com essa interiorização, com a última ação do governo, que foi a criação da barreira ortopédica aqui em Macaíba, você tirou uma grande parte da pressão sobre o Walfredo Gurgel. O resultado é que a gente começa a observar o hospital sem filas, que é um grande termômetro da saúde pública no Rio Grande do Norte. Sempre foi a questão das macas nos corredores do Walfredo. E hoje a gente já tem tido notícias de redução dessas macas nos corredores dos hospitais. Então temos avanços em várias áreas. Da minha atuação, que eu contribui muito, de forma direta e decisiva, é o ambiente de negócio no Estado. Hoje nós temos uma política tributária no Rio Grande do Norte que nos permite dizer, com tranquilidade, que o Rio Grande do Norte não perde investimento para nenhum outro Estado. Você, principalmente, que trabalha com comunicação, quem trabalha com comunicação nos últimos seis anos não me lembro de notícias de empresas saindo daqui para ir para Paraíba, para o Ceará e para Pernambuco, porque tem condições mais favoráveis lá do ponto de vista tributário do que aqui. Isso era muito comum antes. Tem o caso da Ambev, que saiu ali de Extremoz para Paraíba, removeu a sua unidade de fabricação daqui por causa de questões tributárias. Hoje a gente não tem isso. A gente tem o contrário. A Guararapes, que gera 10 mil empregos aqui no Estado, fechou a sua unidade no Ceará e trouxe para cá. Para cá. Isso depois do falecimento de Dr. Nevaldo, porque Dr. Nevaldo dizia muito que nunca iria tirar a Guararapes daqui enquanto ele tivesse vivo. E ele partiu dessa vida e mesmo assim a Guararapes traz investimentos para cá ao invés de sair daqui. Isso não é por acaso, é porque as condições aqui hoje para a empresa são mais atrativas do que em outros estados. Então esse ambiente de negócio no Rio Grande Norte hoje, ele é muito melhor do que era antes. Eu diria que do ponto de vista tributário não há nenhum estado do Nordeste que nos supere e com isso a gente não tem mais perda de investimentos aqui, pelo contrário, a gente tem uma manutenção e um crescimento de investimentos no nosso estado.

Reprodução: Redes Sociais

BNews Natal - Numa eventual eleição sua, qual será sua meta, a marca de um governo de Cadu?

CADU - Tenho como grande meta retomar a capacidade de investimento do Estado. Trazer o Estado para uma situação de equilíbrio, que o Estado possa investir com as suas próprias fontes, que a gente tenha, com essa capacidade de investimento, a gente desenvolva mais o Estado, leve essa geração de empregos para o interior, que está acontecendo esse processo já, a gente tem visto vários projetos se instalando no interior, porque o PROEDI dá essa condição. Então o meu grande objetivo em ser governador, se assim a população do Estado quisesse, se assim for confirmada a minha candidatura primeiro nas convenções no ano que vem, é o Estado voltar a investir, fazer grandes obras, e isso só vai ser possível se o Estado retomar sua capacidade de investimento. A gente tem muita coisa para fazer. O Estado do Rio Grande do Norte hoje tem potenciais incríveis na energia renovável, tem potencial na mineração, tem grandes potenciais no Rio Grande do Norte que precisa o Estado dar mais condições para que o Estado. As pessoas vêm investir aqui no estado. Essa é minha meta comum. Porque isso tudo, essa retomada da capacidade de investimento, essa geração de emprego, essa geração de renda, no fundo, ela vai trazer uma qualidade de vida muito maior para quem vive aqui no estado do Rio Grande do Norte.

BNews Natal - O senhor citou vários avanços, na sua visão, do governo. Mas a população, nas pesquisas de opinião, desaprovam a gestão Fátima. Qual é a sua explicação para isso? 

CADU - A gente já tem dados, que esse processo inicia uma reversão. A gente já tem dados, pesquisas, que mostram que esse processo começa a se reverter. Eu tenho uma visão muito pragmática dessa questão, essa desaprovação momentânea que ocorreu aqui no Estado, ela nasce de uma alta expectativa no alinhamento da Governadora com o presidente Lula, que ocorreu em 2022, e veja, tem que criar mesmo, porque todos nós tínhamos essas expectativas e temos, porque é um alinhamento de um presidente da República que tem um grande, uma grande história de caminharem juntos com a Governadora, então essa expectativa muito alta, só que o tempo da gestão pública ele é mais devagar, o tempo da gestão ele é mais devagar, o nosso governo já está no sexto ano, né, o governo Lula está no segundo, está no segundo ano, então a gente começa a entregar essa parceria que eu digo a gente é a união entre o governo do Estado e o governo federal. Começa a entregar o que a Governadora tem chamado de tempo da colheita. Começa a entregar, começa a fazer as entregas, fruto dessa expectativa, durante o ano de 2025. A gente teve a Barragem de Oiticica, a Governadora ontem estava no Ministério dos Transportes confirmando que em setembro começa a obra da BR-304, que é um sonho de quem vive aqui no Estado, principalmente quem precisa passar nessa estrada, a duplicação da BR-304, que hoje está com a sua capacidade muito abaixo da demanda que ela tem, e isso torna a estrada um fluxo mais lento e muito perigoso. É uma grande obra que vai sair do papel, enfim, fruto dessa conjunção de astros da Governadora aqui, e o presidente Lula lá em Brasília. Vem o ramal do Apodi, a gente vai inaugurar, o presidente vem aqui, no primeiro semestre do ano que vem entregar. A gente tem várias ações que vão ser entregues na sequencia e vão suprir essa grande expectativa que foi criada, só que o tempo da gestão pública não é o tempo da nossa expectativa. Nesses 6 anos que estou aqui, foi uma grande lição enquanto gestor público, o tempo da gestão é muito mais lento. E tem que ser assim mesmo, é claro que a gente milita por um estado menos burocrático, mas todas as contratações estatais precisam de um nível de segurança, porque a gente está lidando com recurso público. Não é um dinheiro meu, nem da governadora , nem do presidente. Ao longo de 2025 e no ano de 2026 a gente vai ter as entregas que vão trazer de volta a avaliação positiva do Governo Fátima. E além disso, eu acho que a gente tá fazendo agora um trabalho que talvez a gente não tenha dado tanta atenção ao longo desses primeiros dois anos do atual governo que é comunicar, falar para as pessoas o que está sendo realizado. Eu tô correndo pelas estradas por ai, então, talvez, essas duas questões da expectativa alta com o tempo das coisas se realizarem e também essa parte da comunicação, da gente trabalhar e mostrar para as pessoas o que está sendo feito.

BNews Natal - Vai dar para conciliar agenda de secretário e candidato?

CADU - Pai... (rs) Tem mais coisa aí... É um grande desafio. Minha vida virou de cabeça para baixo. Não sou mais senhor do meu tempo. Mas eu confesso que tenho dado conta e nos primeiros dois anos desse segundo mandato eu fui presidente do CONSEFAZ e isso tomou muito meu tempo. Eu já estava dividido. Graças a Deus, passei, tive uma missão lá bacana, muito enriquecedora. Estive presidente do CONSEFAZ no momento da aprovação da Reforma Tributária. Isso pra mim foi muito marcante pra minha vida, vou levar isso pra vida toda, quis Deus que fosse assim. Mas encerrou agora em janeiro o mandato e agora eu tô dividido entre a gestão financeira do estado que é muito importante o trabalho que eu desenvolvo.

Presidente Lula e Cadu Xavier durante inauguração da Barragem de Oiticica | Reprodução: Redes sociais

BNews Natal - Como está o equilíbrio financeiro do Estado? Vem aí uma onda de concursos públicos... O próximo governador vai conseguir pagar tudo?

CADU - As contas este ano, bem melhor do que o ano passado. O ano passado, assim, minha relação com os nossos parlamentares é a melhor possível, sejam eles de oposição e de situação, me relaciono com todos, trato todos muito bem, mas acho que foi um grande erro aquela votação da redução do ICMS de 20 para 18 no final de 2023, porque trouxe uma grande dificuldade para 2024, foi o único estado do Brasil que teve redução de alíquota, alguns se mantiveram, outros aumentaram, mas nenhum reduziu, só a gente reduziu, então trouxe um ano extremamente desafiador. A gente só fecha o ano porque teve alguns auxílios do governo federal, e esse ano com a retomada da alíquota de CMS, que eu tenho muita tranquilidade de falar sobre isso, Carina, porque nesses seis anos que eu tô aqui, que a governadora tá aqui, foi a única pauta de aumento de imposto que a gente fez. A gente pegou o estado quebrado, com quatro folhas em atraso, não falando em aumento de imposto. A gente passou por pandemia, um monte de coisa, não falou de aumento de imposto. Agora é só que quando veio a lei complementar o 192 e o 94, pra quem não lembra, aquelas leis que foram aprovadas no governo federal anterior, que reduziram drasticamente a nossa principal fonte de receita, que é o CMS dos combustíveis e energia, a gente tinha que responder de alguma forma, como 19 estados da federação responderam, aumentando a sua alíquota modal. Então esse debate pra mim foi super tranquilo, porque foi o único momento que a gente fez essa discussão, e por uma justificativa que foi como. Comum a todos os estados brasileiros, praticamente. Então, o ano de 2025 se inicia com a retomada da alíquota modal, se inicia muito melhor do que a gente terminou o 24. Isso é muito positivo. Com relação aos concursos, o Rio Grande do Norte, e aí é isso que me move de fechar essa equação, tem um problema estrutural muito grave. Todo mundo sabe, a gente tem um gasto com o pessoal acima do limite prudencial. E isso é mais desafiador ainda porque, pela característica desse gasto, a gente tem mais servidores nativos do que ativos. E os servidores que estão ativos estão muito envelhecidos. Então, se a gente não fizer um programa mínimo de recomposição de servidores, o Estado vai ter um colapso administrativo. Esses concursos que estão sendo realizados, eu sempre digo isso, eu vou dar um exemplo aqui da minha casa, que eu conheço mais do que as outras pastas, mas apesar de conhecer o Estado todo, a administração pública toda, que esses seis anos me permitiram, a minha casa aqui, a gente tem na minha categoria, eu sou servidor público, sou auditor de carreira, o último concurso foi há 20 anos, foi o meu concurso. A gente tem hoje um quadro de 590 auditores na lei, a gente tem hoje 292 auditores ativos, sendo 114 em abono de permanência. E a gente está falando, na escala de importância de pastas num poder executivo, da pasta que bota o recurso para dentro, que faz com que os empresários, através da fiscalização, da atuação estatal, paguem seus impostos. E sem recurso você não tem administração pública. Então aqui tem uma importância muito grande do ponto de vista de fazer o Estado funcionar. E a gente tem esse quadro, então eu preciso fazer um concurso. Agora, um quadro de modernização da administração pública. Eu não tenho necessidade de mais de 590 auditores. Paralelamente ao concurso, a gente vai fazer a discussão da lei orgânica da administração tributária, que vai reduzir o quadro de 590 vagas para 390. São 200 vagas a menos. E aí a gente vai, de acordo com essa capacidade do Estado e necessidade de reposição de mão de obra, inserindo os servidores para que a gente se adeque a essa nova realidade que o mundo mudou. Quando o quadro de auditores foi definido lá há 40 anos, o mundo era um. Hoje a gente vive no mundo da inteligência artificial, da robotização, que a gente tem que adequar administração pública a isso também, para que a gente tenha servidores aqui dentro da administração pública, mas que usem a tecnologia também para a gente ter um quadro mais enxuto, uma administração pública moderna, como eu costumo dizer.

BNews Natal - E o senhor, se eleito governador, vai conseguir pagar essa folha?

CADU - Sim! Tem uma coisa que a gente já fez, que pouco se fala, que é a questão da política salarial. A política salarial, ela é importante para o servidor, óbvio, porque garante aí uma recomposição todo ano, no nível da inflação, mantém o poder de compra do servidor, mas ela é muito importante para o Estado também, porque ela limita essa concessão ao crescimento da despesa, ele não pode ultrapassar 80% do crescimento da receita. Então, a tendência, se essa política salarial for cumprida pelos próximos governos, a tendência é que naturalmente o Estado, mesmo com contratação, mesmo com a reposição da inflação, o Estado retome o equilíbrio. Então, esse é um legado que a gente construiu aqui dentro do Governo da Postura Fátima, que vai trazer o Rio Grande do Norte de volta para o equilíbrio. A administração pública é diferente do cidadão que tem uma empresa, é diferente da nossa casa. Eu não tenho como demitir servidores efetivos. Aí muitos falam: tem muito cargo comissionado. O Estado tem 1% da folha, acho que hoje é até menos de 1%, é cargo comissionado. Então, não é um programa de demissão que vai resolver o problema do Estado. O Estado tem que entrar numa trajetória de arrecadar mais do que o gasto cresce. Isso, naturalmente, vai acontecer com o cumprimento da política salarial.

BNews Natal - Qual foi o maior desafio que não foi vencido nesse Governo? O que você gostaria que tivesse sido feito no atual Governo e que o próximo Governo deve priorizar?

CADU - Essa é a questão. Se não tivesse havido as LCs 192 e 194, se a gente tivesse mantido esse patamar de recomposições e contratações que a gente fez, nós teríamos uma situação fiscal melhor e acho que temos desafios a vencer, também, na melhoria da qualidade do serviço público. Educação a gente precisa ter como meta melhorar o IDEB. A gente precisa ter um programa para isso. A governadora vem tentando ao longo dos anos reverter esse quadro. É importante que se diga que já há sinais de melhoria no IDEB, mas é preciso fazer com que isso se acelere e a gente tenha a educação pública do RN num patamar bem acima do que a gente tem hoje. Tem sido feito investimentos, a questão dos IERNs, a reforma das escolas, valorização dos professores – fato único no país a forma da implantação do piso do magistério, mas tem sido feito investimentos também de levar tecnologia para as escolas, a gente vai fazer um amplo programa de reformas e climatizar as escolas, também. Esses investimentos vão levar o RN a sair dessa situação. A gente precisa dar mais celeridade nesse processo pra trazer a educação do estado para o patamar que a população espera do poder público executivo estadual.

Cadu Xavier | Redes Sociais

BNews Natal - Como o senhor tem visto o fortalecimento da oposição e a federação do PP e União Brasil?

CADU - Um processo natural. Apesar de ter um país polarizado, sempre se busca uma terceira via. É o processo da política, é o processo da democracia. Respeito demais os movimentos para se formar uma ou duas chapas, a gente ainda não muito claro isso, de oposição. E a gente vai fazer o debate. Eu tô muito tranquilo, motivado, seguro  que a gente tem muita coisa pra falar do que já foi feito e muito coisa a dizer do caminho que a gente quer seguir trilhando. Então esse movimento da oposição é natural, a gente respeita e vamos ver porque ainda tem muita água para passar debaixo dessa ponte, vamos ver como vai se configurar pra gente ir pra disputa com a cabeça erguida e com muita segurança que é possível a gente seguir com governo populares no RN.


BNews Natal - Tem candidatos preferenciais para enfrentar na oposição?


CADU – Não! O que eu pretendo é que, seja quem for, a gente faça um debate sobre as questões de interesse da nossa população. Um debate propositivo , sem ataques, pois não é da minha índole ou característica pessoal ir para uma discussão pessoal de atacar fulano ou beltrano, cicrano... eu vou fazer um debate de ideias. Mas também se for para ter esse ambiente mais acirrado, a gente vai ter que fazer essa disputa, sem achar que isso é ideal para o processo eleitoral.

BNews Natal - Dobradinha PT-MDB se repete em 2026?
CADU - Acho que ainda está muito cedo. O MDB é um grande aliado nosso. O vice-governador é do MDB e vai assumir o governo. Vai ser governador durante esse processo. É um grande aliado do PT na esfera local e nacional. Todas essas conversas sobre composição de chapa majoritária, é importante colocar que a majoritária vem também com dois candidatos ao Senado, uma candidata é a governadora. 

Walter Alves - Vice-governador e Presidente do MDB no RN, ao lado Cadu Xavier | Reprodução: Redes Sociais


BNews Natal - O senhor defende que o segundo nome para o senado seja de  Zenaide?

CADU - A gente tem trabalho para que o segundo nome seja o de Zenaide. Houve essa parceria lá atrás e a gente quer que ela se repita agora. 


BNews Natal - Mas ela é aliada do prefeito Alysson...

CADU - Aí a gente tem que esperar as águas passarem debaixo da ponte como eu coloquei aqui. Mas seria muito interessante a gente ter a senadora Zenaide no palanque, junto da governadora, junto comigo...


BNews Natal - E o vice? Do MDB?

CADU - A gente tem possibilidade. O MDB é uma grande possibilidade. Eu me dou muito bem com o vice-governador, a gente tem conversado muito. Inclusive ele já colocou o interesse do MDB participar da chapa majoritária. Seria visto com bons olhos por mim, sem sombra de dúvidas, se o candidato a vice viesse do MDB.


BNews Natal - E esse movimento do presidente da Assembleia, Ezequiel Ferreira, dizendo que está pronto para fazer mais e o nome dele circulando como possível pré-candidato ao Governo?

CADU - O presidente Ezequiel é um grande aliado do Governo. Ele votou na governadora em 2026, é bom lembrar disso. Ele sempre desempenhou um papel muito correto com o Governo na presidência da Assembleia, claro mantendo a sua independência dos Poderes. Mas sempre muito correto conosco. É natural esse movimento dele. Ele está com o nome posto para definir em qual papel ele vai desempenhar nesse processo eleitoral do ano de 2026 e seria muito bom que ele estivesse junto conosco, seria fantástico, é isso que a gente está trabalhando, é isso que a gente tem conversado, o presidente Ezequiel é uma pessoa importante. 


BNews Natal - Como apoio? Não como nome para governador?

CADU - Apoio, claro! O meu nome está posto. O Partido dos Trabalhadores colocou o meu nome como pré-candidato, isso tem sido conversado com ele também e a gente tem conversado para que ele esteja no nosso palanque, participando desse processo junto com a gente nessa disputa de 2026, que eu tenho certeza que esse grupo com o presidente Ezequiel, com o vice-governador Walter Alves, com a senadora Zenaide, esse grupo junto com a governadora Fátima, esse grupo junto é muito forte. E já deu provas disso, com vitórias, em processos eleitorais recentes. Então, se a gente conseguir trabalhar para manter todo mundo junto num processo de união sem vaidade, que é uma característica desse grupo de um debate aberto, de um debate propositivo para o Rio Grande do Norte, eu tenho certeza que a gente vai ter sucesso nesse processo eleitoral, tanto para eleger o sucessor da Governadora Fátima, no caso eu, tanto como as duas senadoras, tanto como a bancada federal e estadual, que dê condições ao governo do Estado de ter uma maioria expressiva na Assembleia Legislativa, e também dê condições no possível e desejável novo governo do presidente Lula, para que a gente tenha uma base mais sólida também no Congresso Nacional para o presidente Lula. 


BNews Natal - Para encerrar, suas palavras, recado que você quer dar para a população. 


CADU - Dizer que pro Rio Grande do Norte, que eu sou um cara que tá disposto a empregar minha vida nesse projeto, eu nunca tive, não estou nesse processo por vaidade, nunca tive isso como um objetivo pessoal, um sonho de ser governador, mas eu tenho uma missão minha, um desejo de seguir colaborando e aí nesse novo cenário liderando um processo de mudança do Rio Grande do Norte, do Rio Grande do Norte pra todos, do Rio Grande do Norte inclusive, que tenha na sua essência um projeto que busque reduzir as desigualdades sociais, que busque dar oportunidade pras pessoas. É isso que me move, não é nenhum tipo de vaidade, nenhum tipo de sonho, que as pessoas costumam dizer. Eu tenho um sonho de ser governador... eu nunca tive esse sonho, mas eu tenho um desejo muito grande de mudar ainda mais a realidade do nosso estado. É isso que me move, é isso que me faz estar aqui, é isso que me faz, inclusive, abrir mão um pouco da minha vida pessoal, porque não tem como, você abre mão da sua vida para se entregar, se entrega a sua vida a essa missão, para participar desse processo. Eu tenho certeza que a gente vai conseguir trilhar esse caminho com sucesso no final, não é o sucesso eleitoral, não, é o sucesso de cumprir essa missão que eu estou me propondo a fazer, depois de 4 anos de 2026, a gente ter um Rio Grande do Norte ainda mais inclusivo, com mais oportunidades, mais desenvolvido, é isso que me move, é isso que eu estou proposto a fazer participando desse projeto.

Classificação Indicativa: Livre

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