Polícia
Publicado em 09/06/2025, às 09h50 Redação
Uma operação do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) terminou em tragédia no Morro Santo Amaro, na Zona Sul do Rio, na noite de ontem, sexta-feira (6).
Herus Guimarães Mendes da Conceição, de 24 anos, morreu após ser baleado durante um tiroteio que levou ao pânico em uma festa junina organizada por moradores da comunidade, localizada entre os bairros do Catete e da Glória.
Os vídeos que circulam nas redes sociais mostram a celebração, com pessoas dançando quadrilha, e logo depois o barulho de tiros e o público em desespero, incluindo crianças.
Pessoas que estavam no local contam que o evento foi interrompido com a chegada de agentes da tropa de elite do Rio. A Polícia Civil informa que outras cinco pessoas ficaram feridas.
Comunidade pede por justiça
No final da manhã do sábado (7), moradores de Santo Amaro fizeram um protesto na porta da Delegacia do Catete (9ª DP). A Polícia Civil, em nota, diz que a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) investiga o caso e que diligências estão em andamento.
Herus, segundo familiar, teria levado dois tiros. Ele foi levado para o Hospital Glória D´Or, mas não resistiu. Ele trabalhava para uma imobiliária e deixa um filho de apenas dois anos.
PMs usavam câmeras corporais
De acordo com a PM do Rio, equipes do Bope realizaram “uma ação emergencial” para verificar informações sobre crimes fortemente armados em Santo Amaro que estariam se preparando “para uma possível investida” de rivais. A região seria alvo de uma disputa territorial. O comando do batalhão afirma que bandidos atiraram contra os policiais na área da festa, mas sem revide por parte dos agentes.
Em outro ponto da comunidade, as violências mataram os policiais novamente, gerando confronto. Uma nota da PM diz que “as equipes utilizaram câmeras de uso corporal e as imagens já estão sendo captadas e comprovadas pela Corregedoria da Corporação”. O comando do Bope instalou procedimento para analisar as conclusões dos fatos.
Ação gera repúdio
O Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos da Defensoria Pública do Rio de Janeiro divulgou nota repudiando o episódio. "Não se justifica uma operação policial durante plena festa junina, com a presença de crianças e adolescentes. A proteção à criança e adolescente é obrigação do Estado, não sendo aceitável que o enfrentamento ao crime organizado ponha em risco exatamente aqueles que têm a obrigação primária de proteção", diz o órgão, ressaltando que acompanhará a apuração do ocorrido.
A ministra Anielle Franco, da Igualdade Racial, fez uma publicação sobre a morte de Herus e a operação da PM. “Revoltante e desesperador o que aconteceu com famílias que aproveitaram uma festa junina no Rio de Janeiro em seu momento de lazer”, afirmou Anielle.
Revoltante e desesperador o que aconteceu com famílias que aproveitavam uma festa junina no Rio de Janeiro em seu momento de lazer.
— Anielle Franco (@aniellefranco) June 7, 2025
Recebi imagens da operação policial realizada essa madrugada na favela do Santo Amaro. Crianças, jovens e idosos que estavam em uma festa junina…
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