Polícia

Mãe tenta matar filha de 2 anos com facadas após dívidas no “jogo do tigrinho”

Após o ataque, a menina foi socorrida e a mãe, que alegou ameaças de agiotas, foi presa em flagrante e está sob investigação. - Divulgação
A polícia investiga o caso de tentativa de homicídio, onde a mãe desferiu 15 facadas na criança e tentou suicídio em seguida  |   BNews Natal - Divulgação Após o ataque, a menina foi socorrida e a mãe, que alegou ameaças de agiotas, foi presa em flagrante e está sob investigação. - Divulgação

Publicado em 30/05/2025, às 07h19   Dani Oliveira



Uma mulher de 23 anos foi presa em flagrante na última sexta-feira (23) suspeita de tentar matar a própria filha, de 2 anos, em Santo Antônio do Descoberto, município goiano localizado na região do Entorno do Distrito Federal.

A tentativa de homicídio, segundo a Polícia Civil de Goiás (PCGO), teria sido motivada por dívidas acumuladas em apostas no chamado “jogo do tigrinho”.

De acordo com a delegada Nathália Luz, responsável pelo caso na Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher da cidade, a mãe desferiu 15 facadas no pescoço e no tórax da criança.

Após o crime, ela tentou tirar a própria vida e foi encontrada na residência. No local, também foram encontrados uma faca com vestígios de sangue e uma carta de despedida.

A menina foi socorrida com vida e levada a um hospital no Distrito Federal, onde ficou internada. Já a mãe, após receber atendimento médico, foi conduzida à delegacia, onde prestou depoimento.

À polícia, a suspeita afirmou estar sendo ameaçada por agiotas por causa de dívidas contraídas no site de apostas.

Na delegacia, a autora depôs que estava sendo ameaçada por agiotas devido a dívidas contraídas no jogo do tigrinho, por isso ela tentou se matar e matar sua própria filha, pois ela não queria que a sua filha fosse criada por seus familiares”, disse a delegada.

A mulher foi presa em flagrante, e o Poder Judiciário converteu a prisão em preventiva. O caso segue sob investigação e corre em segredo de Justiça.

O que é o 'jogo do tigrinho'?

O "jogo do tigrinho" é um cassino online famoso que promete ganhos fabulosos. Na prática, o objetivo dele é que o jogador faça uma combinação de três figuras iguais nas três fileiras que aparecem na tela. Como o jogo não é desenvolvido pelas casas de apostas, ele pode aparecer em mais de um site, geralmente dentro de categorias como "cassino online", o que é proibido no Brasil.

No Brasil, o "Fortune Tiger" ficou famoso principalmente devido à extensa campanha que incluiu muitos influenciadores digitais e jogadores que compartilham suas táticas para se dar bem.

O game de cassino online, do tipo caça-níquel, promete ganhos em dinheiro. Por ir contra a Lei de Contravenções Penais - que considera crime os jogos de azar em que o ganho ou a perda dependem da sorte - o jogo é considerado ilegal.

Outros casos envolvendo o Jogo do Tigrinho

Trabalhador é encontrado morto 2 meses após desaparecer ao perder R$ 200 mil no Jogo do Tigrinho. Segundo a Polícia Civil, a vítima estava desaparecida desde o dia 21 de maio. O corpo foi encontrado dentro de um veículo, em uma área de mata densa da rodovia, no km 560.

A polícia disse que o carro de Marcos estava capotado na estrada. No entanto, ainda não se sabe a causa da morte.

O cadáver foi encaminhado à Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) e a Polícia Civil aguarda o laudo para seguir com a investigação.

Falido e sem ter onde morar

Um outro caso que chegou à polícia é o de um homem que vendeu um imóvel por R$ 200 mil e gastou todo o dinheiro em apostas on-line. Ele perdeu tudo.

Outro caso, que ficou conhecido no Brasil, foi o da enfermeira Gabriely Sabino, de 23 anos. Moradora de Piracicaba, interior paulista, ela desapareceu por oito dias após uma crise emocional deflagrada pelo vício no Jogo do Tigrinho. Ela fugiu alegando depressão, por causa de uma dívida de R$ 25 mil.

Desde o ano passado, a Polícia Civil já registrou mais de 500 boletins de ocorrência envolvendo os jogos de azar on-line em todo o estado de São Paulo.

Além da fronteira
A maior dificuldade apontada pelo delegado do Deic na investigação é que as plataformas não contam com sede no Brasil, criando um obstáculo jurídico para a interrupção das operações delas.

As empresas ficam sediadas em países como Malta, Estônia e Tunísia, e contam com a ajuda de intermediadores envolvidos em esquemas criminosos para que as plataformas de jogos e o sistema de pagamento alcancem os jogadores brasileiros.

Esses intermediários captam o dinheiro das apostas e fazem o repasse para as contas bancárias das plataformas cobrando uma taxa. Segundo a polícia, o esquema também envolve sonegação de impostos. As empresas usadas para operar os pagamentos no Brasil estão em nome de laranjas, para dificultar o rastreamento dos líderes das organizações criminosas.

Uso de influencers
As investigações do Deic mostram que os criminosos fecham parcerias com influencers nas redes sociais no Brasil, inclusive crianças, para disseminar os jogos de azar on-line, como o Jogo do Tigrinho. Para isso, os influenciadores incentivam seus milhões de seguidores a clicar em links que levam para as plataformas de jogos, alguns deles usados por quadrilhas para aplicar golpes.

Ao serem direcionadas para as plataformas onde os jogos de azar estão hospedados, as pessoas precisam fazer um cadastro que geralmente exige o pagamento de um valor por meio de cartão de crédito ou Pix.

A plataforma consegue saber de qual perfil partiu aquele jogador, aí repassa um percentual do que ganha para o influenciador. Esse percentual é variável, depende de cada caso”, afirma o delegado Eduardo Simões Miraldi.

Classificação Indicativa: Livre

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