Polícia

Cheques revelam pagamento a juiz investigado por esquema de corrupção em decisão de 16 minutos

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Além de investigado por decisões contra aposentados, juiz Glauco Marques é suspeito de receber valores desviados de cidade da saúde  |   BNews Natal - Divulgação Foto: Reprodução

Publicado em 24/05/2025, às 15h19   Redação



O juiz Glauco Coutinho Marques está sendo investigado na operação Pote de Ouro, que apura o uso de decisões judiciais para obtenção fraudulenta de descontos destinados a aposentados. A apuração também envolve a suspeita de que o magistrado teria recebido uma “mesada” proveniente do desvio de recursos públicos da área da saúde no município de Itabaiana, no estado da Paraíba.

Documentos obtidos pela coluna de Fabio Serapião, do portal Metrópoles, revelam imagens de cheques que teriam sido entregues ao juiz. As cópias desses cheques fazem parte de um relatório elaborado pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB).

veja as cópias do cheques:

Fotocópias de cheques incluída em documentos da operação Pote de Ouro | Reprodução

De acordo com o órgão, os cheques foram depositados em uma conta bancária em nome de Glauco Marques, em janeiro de 2016. Segundo o MP, as cártulas foram apresentadas na agência do Banco do Brasil localizada em Gurinhém, também na Paraíba.

Ainda conforme as investigações, a quebra de sigilo bancário revelou a existência de outros cheques supostamente emitidos por membros do grupo investigado com o objetivo de repassar a mesada à esposa do magistrado. Três desses cheques são mencionados nos autos, com valores entre R$ 6.800 e R$ 13.800, dois deles acabaram não sendo compensados por falta de fundos.

Um desses cheques, no valor de R$ 6.800, não teve sua cártula localizada, mas o valor correspondente foi depositado diretamente na conta do magistrado, em operação realizada no caixa da agência Cruz das Armas, do Banco do Brasil, no dia 8 de junho de 2016.

Para o Ministério Público, há comprovação substancial da participação de Glauco Coutinho Marques como beneficiário direto do esquema de desvio de recursos públicos oriundos da Prefeitura de Itabaiana, o que, segundo o órgão, fundamenta sua responsabilidade criminal no caso.

A operação Pote de Ouro apura o desvio de dinheiro público na cidade de Itabaiana (PB), a cerca de 70 km de João Pessoa, e cerca de 30km de Gurinhém, comarca onde Glauco atuava como juiz. A esposa do juiz também é investigada. Ambos negam, por meio da defesa, qualquer envolvimento no esquema.

Decisão em 16 minutos

O magistrado também é um dos investigados na operação Retomada e entrou na mira do Ministério Público da Paraíba após dar vários decisões em favor de associações. A defesa nega qualquer envolvimento do juiz.

O juiz é citado em documento da operação como “figura central” dos fatos investigados e contra quem recaem “as suspeitas de manipulação de atos de jurisdição”. A defesa nega qualquer ilícito.

Glauco foi responsável por uma decisão relâmpago que chamou a atenção dos investigadores pela rapidez. O juiz levou apenas 16 minutos para decidir em um processo.

“Em alguns casos, aliás, tamanha foi a velocidade no curso do processo que, entre o protocolo inicial e o julgamento, passaram-se apenas poucos minutos, como ocorreu com o processo em que a petição inicial foi aviada às 11h10 do dia 08 de junho de 2024 (um sábado) e a sentença foi prolatada às 11h26 do mesmo dia”, diz um dos documentos da apuração.

Em fevereiro deste ano, a Justiça anulou a decisão proferida em minutos. Ao analisar o mesmo processo e os mesmos documentos que Glauco Marques, a juíza verificou que “os possíveis associados, em sua maioria, não têm vínculo algum com a comarca de Gurinhém, sequer com o Estado da Paraíba, pois residem em outros Estados da Federação.”

O que diz a defesa do juiz

A defesa do juiz Glauco afirmou que “os valores recebidos pelo Sr. Glauco Coutinho Marques, ora questionados naquela ação, referem-se a pagamentos realizados como forma de quitação de empréstimos pessoais anteriormente contraídos pela sua esposa”.

Também destaca que tanto Glauco, quanto sua esposa, “jamais tiveram conhecimento da suposta origem ilícita dos cheques utilizados para tais pagamentos” e “sequer conhecem” o suposto operador do esquema que teria assinado os cheques.

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