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Publicado em 28/05/2025, às 21h18 Redação
Dois pilotos franceses estão refazendo, com suas aeronaves, o antigo trajeto da lendária companhia aérea Aeropostale, que nos anos 1920 operava uma linha regular ligando Toulouse, na França, à Argentina passando por Natal, no Brasil.
A chegada dos pilotos está prevista para a tarde deste sábado (31), no Aeródromo Severino Lopes, em São José de Mipibu. Eles serão recebidos pelo engenheiro Marcos Lopes e por autoridades dos municípios de Natal, São José de Mipibu e Nísia Floresta.
A Aeropostale foi criada em 1918, na cidade francesa de Toulouse, por Pierre-Georges Latécoère. Na época, a empresa revolucionou o transporte de correio, desafiando os limites da tecnologia e da coragem. Seus pilotos atravessavam as montanhas da França, o deserto do Saara e, mais tarde, as florestas e tempestades da América do Sul para entregar cartas e encomendas.
Em 1927, com autorização do governo brasileiro, os franceses abriram a linha aérea Recife–Buenos Aires. Ainda naquele ano, já pensando em ligar Paris a Buenos Aires por via aérea, a Latécoère enviou a Natal o piloto Paul Vachet, com a missão de encontrar um local plano para pousos e decolagens. Ele descobriu esse ponto 17 km ao sul da capital potiguar, onde hoje está localizada a Base Aérea de Natal.
Foi também em outubro de 1927 que o “Campo dos Franceses” (como ficou conhecido o Campo de Parnamirim) recebeu o primeiro voo registrado vindo da África direto para Natal, sem escalas. Os pilotos franceses Costes e Le Brix estavam em um desafio internacional de aviação — não eram da Aeropostale, mas marcaram a estreia da rota África–Natal.
O grande sonho francês de unir Paris a Buenos Aires por uma linha aérea contínua se concretizou em 1930. O piloto Jean Mermoz decolou do Senegal, na África, e pousou em Natal trazendo correspondência de Paris para toda a América do Sul. No dia 8 de junho, ele conseguiu, após várias tentativas, levantar voo da Lagoa do Bonfim rumo à África.
Entre todas as escalas da rota, Natal se destacava: era o primeiro ponto de chegada na América do Sul e tinha uma base de hidroaviões. A cidade virou referência na história da aviação, ajudando a conectar o Nordeste do Brasil ao resto do mundo e promovendo trocas culturais e econômicas.
A linha funcionou até 1940, quando, já sob o nome de Air France, teve suas operações interrompidas por causa da Segunda Guerra Mundial, com a França e a Alemanha entrando em confronto direto.
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