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Publicado em 24/06/2025, às 15h34 Redação
Um incêndio a bordo do navio cargueiro Morning Midas resultou no naufrágio da embarcação no meio do Oceano Pacífico. O navio, que transportava cerca de 3 mil veículos — entre eles, aproximadamente 800 elétricos — afundou na última segunda-feira (23), em uma área com cerca de 5 mil metros de profundidade e a cerca de 580 quilômetros da costa mais próxima.
De acordo com a Zodiac Maritime, empresa responsável pela embarcação, o incêndio teve início no começo deste mês, após a tripulação detectar fumaça em um dos conveses onde estavam armazenados os carros elétricos. Apesar das tentativas de conter as chamas, o fogo se espalhou rapidamente, agravado pelas condições climáticas severas. A situação saiu de controle e levou ao abandono do navio.
Todos os 22 tripulantes foram resgatados com segurança pela Guarda Costeira dos Estados Unidos e transferidos para um navio mercante que navegava nas proximidades. O segundo de três navios especializados mobilizados para prestar assistência só conseguiu chegar ao local em 15 de junho, mais de uma semana após o início do incêndio — tempo considerado crítico para a contenção da emergência.
O Morning Midas havia partido do porto de Yantai, na China, em 26 de maio, com escalas anteriores em Nansha e Xangai. A carga seguia com destino ao México e incluía veículos de montadoras como Chery Automobile e Great Wall Motor.
O caso reacende o alerta sobre os desafios e riscos do transporte marítimo de veículos elétricos. Segundo um relatório recente da seguradora Allianz, o aumento da demanda por baterias de íons de lítio representa uma nova preocupação para a indústria naval. Incêndios em veículos elétricos são mais difíceis de conter, demandam maiores volumes de água e podem atingir temperaturas elevadas devido à chamada fuga térmica (thermal runaway), quando as baterias entram em combustão em cadeia.
Especialistas apontam que o ambiente confinado e metálico de navios cargueiros amplia o risco, já que a ventilação limitada favorece a propagação do calor. Em casos extremos, podem ser necessários até 30 mil litros de água para resfriar as baterias de um único veículo.
Nos últimos anos, outros episódios semelhantes reforçaram os riscos. Em 2022, um navio com cerca de 4 mil veículos afundou no Atlântico após pegar fogo. No ano seguinte, outro cargueiro com quase 3 mil carros sofreu incêndio perto da costa da Holanda.
Para lidar com essas ocorrências, algumas operadoras já começaram a adotar novas diretrizes de segurança. Em 2023, um grupo internacional publicou recomendações específicas sobre prevenção e combate a incêndios em navios que transportam veículos elétricos — uma tentativa de mitigar tragédias como a do Morning Midas.
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