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Correios em crise: prejuízo de R$ 4,37 bilhões é atribuído à “taxa das blusinhas”

A 'taxa das blusinhas' e fatores externos impactaram negativamente a geração de receitas - Reprodução
O segundo trimestre de 2025 trouxe um rombo de R$ 2,64 bilhões  |   BNews Natal - Divulgação A 'taxa das blusinhas' e fatores externos impactaram negativamente a geração de receitas - Reprodução
Gabi Fernandes

por Gabi Fernandes

Publicado em 06/09/2025, às 11h36



Os Correios encerraram o primeiro semestre de 2025 com um prejuízo de R$ 4,37 bilhões, segundo balanço divulgado na sexta-feira (5). O resultado representa um crescimento de 222% em relação ao prejuízo de R$ 1,35 bilhão registrado no mesmo período de 2024.

No segundo trimestre deste ano, o prejuízo foi de R$ 2,64 bilhões, quase cinco vezes superior ao rombo de R$ 553 milhões registrado entre abril e junho do ano passado.

A deterioração das contas foi puxada por queda na receita e aumento expressivo das despesas. A receita líquida caiu de R$ 9,28 bilhões (em 2024) para R$ 8,18 bilhões (em 2025). Já as despesas gerais e administrativas mais que dobraram, saltando de R$ 1,2 bilhão para R$ 3,4 bilhões.

As despesas financeiras também cresceram de forma significativa: de R$ 3,09 milhões para R$ 673 milhões. Os custos com produtos vendidos e serviços prestados subiram ligeiramente, de R$ 7,8 bilhões para R$ 7,9 bilhões.

Fatores externos e a "taxa das blusinhas"

Em nota, a estatal atribuiu os resultados negativos a “restrições financeiras decorrentes de fatores conjunturais externos” que afetaram diretamente a geração de receitas. O principal impacto, segundo a empresa, veio da forte retração no segmento internacional.

A estatal cita "alterações regulatórias relevantes nas compras de produtos importados", que levaram à redução no volume de postagens e ao aumento da concorrência, uma referência indireta à chamada “taxa das blusinhas”, implementada pelo governo Lula, que passou a taxar encomendas internacionais de baixo valor.

Plano de contingência

Diante do cenário, os Correios afirmaram ter implementado um plano de contingência com foco em recuperar o equilíbrio financeiro da companhia. As medidas incluem:

  • Diversificação de serviços e expansão da atuação comercial;
  • Otimização de despesas e redução de custos operacionais;
  • Preservação da universalização dos serviços postais;
  • Investimento em produtividade e sustentabilidade financeira.

Entre as novas apostas da empresa, estão a criação de um marketplace próprio e a entrada mais robusta no setor de e-commerce. Além disso, os Correios obtiveram autorização para uma linha de crédito de R$ 4 bilhões junto ao Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), com foco em modernização, automação de processos e reforço da infraestrutura logística.

Governo reconhece crise e defende ajustes

Em entrevista concedida ao jornal O Estado de S. Paulo em julho, a ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, reconheceu as dificuldades financeiras enfrentadas pelos Correios. Segundo ela, a solução passa por corte de gastos e aumento de receitas.

“Tem de cortar custos de um lado e buscar receita de outro. Essa é a solução para os Correios, num setor que está passando por transformação”, afirmou a ministra.

Dweck também destacou que a estatal perdeu o monopólio sobre entregas, mas ainda mantém a obrigação de atuar em todo o território nacional, inclusive em regiões remotas e de baixa lucratividade, o que aumenta os custos operacionais.

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