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Publicado em 17/06/2025, às 12h41 Redação
Uma doença genética hereditária foi descrita pela primeira vez na medicina em um artigo publicado na revista Nature Communications, no sábado (14). A síndrome DIAL é uma enfermidade rara que impede o reparo do DNA, eleva o risco de câncer e pode causar reações graves à quimioterapia, dizem cientistas.
A nova síndrome foi descoberta por pesquisadores da Universidade de Birmingham, no Reino Unido. A condição afeta o mecanismo natural de reparo de danos do DNA e aumenta o risco de cânceres no sangue, como o linfoma e a leucemia, ainda durante a infância.
Como a deficiência genética impede que as células do corpo corrijam quebras no DNA, isso aumenta o risco de formação de células com mutações tumorais, especialmente as que dão origem aos linfomas de células B.
Como a doença genética aumenta o risco de câncer?
Falha na reparação do DNA leva a efeitos colaterais graves
Pacientes com DIAL também apresentam sensibilidade extrema a tratamentos oncológicos. Isso porque a quimioterapia e a radioterapia tradicionais funcionam provocando danos ao DNA das células tumorais e impedindo que elas se repliquem.
Porém, em pacientes com a síndrome, o organismo não consegue reparar os danos causados nas células saudáveis, levando também elas à morte. Isso aumenta o risco de efeitos colaterais graves ou fatais durante o tratamento.
Descoberta baseada em um caso exemplar
A descoberta da síndrome foi possível graças a um acompanhamento clínico iniciado em 2006 e com base nos resultados de um paciente com o qual a equipe médica trabalha de perto há 19 anos.
Os médicos foram capazes de identificar nele os sintomas semelhantes a outras síndromes de quebra cromossômica (que afetam a regeneração do DNA), mas a forma que o atingia era totalmente desconhecida.
Somente em 2023 foram identificadas as mutações no gene DIAPH1. A confirmação veio com a descoberta de outros 32 casos semelhantes, em colaboração com o professor Henry Houlden, da University College London, que também buscava respostas para síndromes desconhecidas em seus pacientes.
As análises celulares mostraram que com a mutação, o corpo não produz corretamente a actina, proteína que forma uma estrutura em torno das quebras do DNA. Ela é importante especialmente em células B, que fazem parte do sistema imunológico. Por isso o mau funcionamento dessas células aumenta especialmente o risco de linfoma deste tipo.
Síndrome entrará no teste da bochechinha?
Após a descoberta, os cientistas recomendaram a inclusão da síndrome DIAL em testes genéticos de recém-nascidos, como os testes do pezinho ampliados e da bochecinha, que são feitos por clínicas particulares.
Com o diagnóstico precoce, será possível criar tratamentos personalizados e evitar terapias que possam agravar a condição.
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