Geral

Brasil registra queda nas mortes violentas, mas violência contra mulheres e crianças ainda cresce

A violência contra as mulheres aumentou ainda em outras frentes: os casos de perseguição (stalking) cresceram 18,2%, e os de violência psicológica, 6,3% - Reprodução/Internet
Mesmo com a redução nas MVI, a violência contra a mulher atingiu o maior número desde o início da série histórica, em 2015  |   BNews Natal - Divulgação A violência contra as mulheres aumentou ainda em outras frentes: os casos de perseguição (stalking) cresceram 18,2%, e os de violência psicológica, 6,3% - Reprodução/Internet

Publicado em 24/07/2025, às 14h41   Júnior Teixeira



O número de Mortes Violentas Intencionais (MVI) no Brasil caiu cerca de 5,4% no ano passado em relação a 2023, somando 44.127 vítimas, de acordo com a 19ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgada nesta quinta-feira (24).

A redução mantém a tendência de queda que começou em 2018, impulsionada por políticas públicas baseadas em evidências, transformações demográficas e mudanças no crime organizado.

Apesar de apresentar uma melhora geral, o levantamento mostra que a violência persiste de forma desigual pelo país, com destaque negativo para cidades do Nordeste. Além disso, cresce o número de crimes contra mulheres, crianças e adolescentes.

Perfil das vítimas

O perfil das vítimas permanece semelhante aos que foi registrado em anos anteriores: majoritariamente homens (91,1%), negros (79%), jovens de até 29 anos (48,5%) e assassinados por arma de fogo (73,8%), principalmente em via pública (57,6%).

As dez cidades mais violentas do país, entre as que têm mais de 100 mil habitantes, estão todas no Nordeste, com destaque para Maranguape (CE), Jequié (BA) e Juazeiro (BA).

No recorte estadual, Amapá, Bahia e Ceará lideram as taxas de MVI por 100 mil habitantes.

Feminicídio bate recorde

Mesmo com a redução nas MVI, o feminicídio atingiu o maior número desde o início da série histórica, em 2015. Foram 1.492 mulheres assassinadas por sua condição de gênero, o que representa um aumento de 0,7% em relação a 2023.

Leia também

O cenário revela que 63,6% das vítimas eram negras, 70,5% tinham entre 18 e 44 anos, e 64,3% dos crimes ocorreram dentro de casa, sendo a grande maioria cometida por companheiros ou ex-companheiros.

Tentativas de feminicídio também subiram 19%, totalizando 3.870 registros.

A violência contra as mulheres aumentou ainda em outras frentes: os casos de perseguição (stalking) cresceram 18,2%, e os de violência psicológica, 6,3%.

Crianças e adolescentes mais expostos

A violência contra menores também apresentou alta: 2.356 crianças e adolescentes foram vítimas de MVI no ano de 2024, representando um aumento de 3,7% em relação a 2023.

Houve crescimento ainda em crimes como abuso sexual infantil (14,1%), abandono de incapaz (9,4%), maus-tratos (8,1%) e agressões decorrentes de violência doméstica (7,8%).

Estupros e crimes sexuais

O Brasil registrou, ainda, 87.545 casos de estupro em 2024, maior número já documentado pelo anuário. Destes, 76,8% referem-se a estupros de vulnerável (vítimas com menos de 14 anos ou sem capacidade de consentimento).

A cada seis minutos, uma mulher foi estuprada no país, e 55,6% das vítimas eram negras. O agressor, em 45,5% dos casos, era um familiar; em 20,3%, parceiro ou ex-parceiro íntimo.

O crime de pornografia foi o que apresentou maior crescimento proporcional entre os indicadores de violência sexual, com alta de 13,1%.

Classificação Indicativa: Livre

Facebook Twitter WhatsApp


Whatsapp floating

Receba as notificações pelo Whatsapp

Quero me cadastrar Close whatsapp floating